12.14.2006

1981: O Glorioso Ano do Flamengo

Na foto:
em pé - Leandro, Raul, Mozer, Figueiredo, Andrade, Júnior
agachados - Lico, Adílio, Nunes, Zico e Tita.
No dia 13 de dezembro de 1981, há 25 anos atrás, o Flamengo conquistou o maior título de todos esses 111 anos de glórias do clube, o Mundial Interclubes, disputado em Tóquio, no Japão. O ano de 81 foi o que o Flamengo teve mais conquistas, ganhando o Campeonato Carioca, a Taça Libertadores da América e o já citado Mundial no Japão, em menos de um mês.
Tudo começou uma semana antes do dia 15 de novembro de 81, dia do aniversário de 86 anos do clube. Em 8 dias, o Flamengo fez a seguinte seqüência de vitórias: 6 a 0 no Botafogo, 6 a 1 no Americano, 2 a 1 no Cobreloa do Chile e 3 a 1 no Fluminense, sem poupar titulares, uma coisa impensável para os times de hoje.
A goleada contra o Botafogo, que aconteceu no dia 8 de novembro, foi como um acerto de contas com o passado. Quase dez anos antes, em 72, o alvinegro goleou o Flamengo pelo mesmo placar e com direito a gol de letra de Jairzinho. As gozações durante esse período foram inevitáveis e em todo clássico havia uma faixa na torcida alvinegra lembrando a goleada. A partir do momento que a vitória do Flamengo passou a ser certa e se desenhava uma goleada, a torcida passou a pedir seis gols e o jogo foi como uma vingança para a torcida rubro-negra.
Na terça o time voltou ao Maracanã para golear o Americano por 6 a 1 e na sexta-feira aconteceu a primeira final do torneio continental, também no maraca, contra o Cobreloa, do Chile. O Flamengo já ganhava de 2 a 0, com dois gols de Zico, antes mesmo dos 30 minutos do primeiro tempo. A torcida já esperava nova goleada, mas o jogo terminou 2 a 1, com o Cobreloa descontando com um gol de Merello, aos 22 do segundo tempo.
Sem tempo para descansar, o Flamengo voltava a campo no domingo, no dia do aniversário do clube para ganhar do Fluminense de 3 a 1, sem poupar os titulares.
Na sexta-feira, dia 20 de novembro, começou a guerra que o Flamengo enfrentou para conquistar a Taça Libertadores. No Estádio Nacional de Santiago o time carioca teve que enfrentar a violência da torcida chilena, que jogou rojões nos jogadores e na torcida rubro-negra; e a violência do time do Cobreloa. O zagueiro Mario Soto, com uma pedra na mão, agrediu alguns jogadores cariocas. Tendo que enfrentar todas essas situações, o Flamengo acabou perdendo por 1 a 0, com um gol contra do lateral direito Leandro.
Três dias depois, os dois times disputaram um jogo extra para decidir quem seria, enfim, o campeão das Américas. O jogo foi realizado em campo neutro, no Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai. Por causa das agressões no último jogo, Lico não pode jogar o terceiro jogo da final e Adílio quase ficou de fora. Mas sem toda aquela pressão e clima de guerra em Santiago, o Flamengo impôs o seu ritmo de jogo e Zico colocou o rubro-negro em vantagem, marcando dois gols. Com a vitória praticamente garantida, o técnico Paulo César Carpegiani colocou o atacante Anselmo no lugar do centroavante Nunes, com apenas um objetivo: dar o troco no zagueiro Mario Soto. Com poucos minutos em campo e faltando pouco para o final da partida, Anselmo deu um murro em Soto, foi expulso, mas lavou a alma rubro-negra. Com isso o Flamengo levava pra casa o título de Campeão da Libertadores, o primeiro daquele glorioso ano de 81.
Na volta ao Brasil, logo dois dias após a conquista do título, o Flamengo ganhou de 5 a 1 do Volta Redonda, antes de jogar as três partidas finais do Campeonato Carioca contra o Vasco. Mas antes das finais, uma notícia abalou todo o clube. O técnico Cláudio Coutinho, responsável pela formação daquela brilhante equipe, morreu afogado enquanto realizava pesca submarina nas Ilhas Cagarras, um arquipélago próximo à praia de Ipanema. No dia 29 de novembro, apenas dois dias após a morte de Coutinho, o Flamengo enfrenta o Vasco no Maracanã pelo primeiro jogo da final do Carioca. O time entra em campo com uma tarja preta sobre o escudo na camisa. O rubro-negro só precisava de uma vitória para ser campeão mas, ainda abalados com o que aconteceu, a equipe acabou perdendo por 2 a 0 e, pelo menos, mais um jogo teria que ser disputado.
No dia 2 de dezembro, horas antes do jogo, um temporal caiu sobre a cidade do Rio de Janeiro e o gramado do Maracanã ficou encharcado e o futebol de velocidade e toque de bola refinado do Flamengo foi prejudicado. Com o empate em 0 a 0, a torcida já comemorava o título quando, aos 44 minutos do segundo tempo, Roberto Dinamite marcou o gol da vitória vascaína forçando mais um jogo, que seria o terceiro e decisivo clássico da final do Carioca de 81.
Com mais de 160 mil torcedores no Maracanã, Flamengo e Vasco realizaram uma final cheia de emoções, no dia 6 de dezembro. Com a derrota nos dois primeiros jogos, os rubro-negros perderam a vantagem que tinham conquistado na fase de classificação e o título foi decidido em igualdade de condições. O Flamengo abriu o placar aos 20 minutos de jogo com Adílio, que aproveitou uma sobra de bola na área vascaína. Quatro minutos depois, Zico lançou Júnior pelo meio-campo, o goleiro Mazaropi dividiu com o lateral na intermediária e Nunes aproveitou a sobra e chutou para o gol vazio. O Flamengo fazia 2 a 0 e o título ficava cada vez mais próximo do time da Gávea, mas aos 38 minutos do segundo tempo, o Vasco diminui a diferença, ganha moral e a partida fica dramática, se empatassem, o jogo iria para a prorrogação. Dois minutos depois um torcedor invadiu o campo, os jogadores do Vasco, que acusaram a diretoria do Flamengo de ter causado esse episódio para esfriar o jogo. A partida ficou paralisada por oito minutos e os rubro-negros conseguiram manter o resultado e conquistar o primeiro título do então futuro terceiro tricampeonato estadual da história do clube, que se concretizaria com as conquistas de 82 e 83. Os jogadores dedicaram o título ao Cláudio Coutinho.
Alguns dias após a histórica final contra o Vasco, o Flamengo embarcou para o Japão onde iria enfrentar um dos melhores clubes europeus da época, o Liverpool, da Inglaterra, que desde 74 ganhava praticamente tudo no antigo continente.
O jogo era o principal da história do Flamengo até aquele momento e os rubro-negros estavam em clima de total euforia. A torcida estava preparando uma grande festa nos Arcos da Lapa, onde foram colocados telões para que acompanhassem a grande partida, mas um temporal estragou a festa e os torcedores tiveram que assistir em casa.
Minutos antes de começar o jogo, no túnel de acesso ao gramado do Estádio Nacional, em Tóquio, os jogadores rubro-negros começaram a sentir a arrogância dos ingleses, que mostraram um certo desprezo com o time brasileiro, pois achavam que ganhariam fácil.
Quando a partida começou, o que se viu foi à superioridade técnica e o completo domínio do Flamengo, que abriu o placar aos 12 minutos, em belo lançamento de Zico para Nunes na esquerda que, com um leve toque, deslocou o goleiro do Liverpool. O segundo veio aos 36 minutos, depois de falta cobrada por Zico. O goleiro não segurou e Adílio aproveitou o rebote. No Brasil a torcida já comemorava o título inédito quando Nunes marcou o terceiro em chute cruzado, após ótimo lançamento de Zico.
No segundo tempo o Flamengo poupou o Liverpool de uma vergonhosa goleada e se limitou a administrar o resultado. No final da partida, Zico foi eleito o melhor da partida e Nunes o artilheiro.
Nas ruas do Rio de Janeiro a torcida comemorava o maior título já conquistado por um clube carioca. Para muitos, as ruas do Rio só viram festa como aquela após o Tricampeonato Mundial da Seleção Brasileira em 1970. O Brasil não ganhava um título mundial de clubes desde o bicampeonato do Santos em 1962 e 1963. O ano de 1981 foi o ano que consagrou a geração de Zico. Foi o ano em que acabou a história de que o Flamengo era “Time de Maracanã”, que só ganhava campeonatos nesse estádio. Foi o ano em que o Flamengo se tornou um dos maiores clubes do mundo e que esse time formado por: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Lico se tornou um dos maiores de todos os tempos.
Ouvindo:
Rush - Rush In Rio (2003)
Disco triplo, gravação do show que eles realizaram no Maracanã em Novembro de 2002.

12.08.2006

50 melhores discos de punk rock?

1.Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols (1977)
2. Green Day - Dookie (1994)
3. Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables (1980)
4. Nirvana - Nevermind (1991)
5. The Offspring - Smash (1994)
6. Rancid - ...And Out Come the Wolves (1995)
7. Discharge - Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing (1982)
8. The Clash - The Clash (1977)
9. The Damned - Machine Gun Etiquette (1979)
10. Ramones - Ramones (1976)
11. NOFX - Punk in Drublic (1994)
12. Fugazi - Repeater (1990)
13. The Clash - London Calling (1979)
14. Blink-182 - Enema of the State (1999)
15. The Stooges - Fun House (1970)
16. Black Flag - Damaged (1981)
17. Minor Threat - Complete Discography (1989)
18. The Stooges - Raw Power (1973)
19. The Undertones - The Undertones (1979)
20. The Offspring - Americana (1998)
21. Bad Brains - Rock for Light (1983)
22. Buzzcocks - Love Bites (1978)
23. NOFX - So Long and Thanks for All the Shoes (1997)
24. The Ruts - The Crack (1979)
25. Crass - Feeding of the 5000 (1978)
26. The Vandals - Hitler Bad, Vandals Good (1998)
27. Operation Ivy - Energy (1989)
28. Refused - The Shape of Punk To Come (1998)
29. Rocket From the Crypt - Scream Dracula, Scream! (1995)
30. The Exploited - Punks Not Dead (1981)
31. Cro-Mags - Age of Quarrel (1986)
32. Quicksand - Manic Compression (1995)
33. The Descendents - Milo Goes to College (1982)
34. Sublime - Sublime (1996)
35. The Misfits - Static Age (1978)
36. The Mighty Mighty Bosstones - Let's Face It (1997)
37. Bad Religion Suffer (1988)
38. Less Than Jake - Hello Rockview (1998)
39. Dwarves - Are Young and Good Looking (1997)
40. Supersuckers - The Evil Powers of Rock 'N' Roll (1999)
41. Social Distortion -White Light White Heat White Trash (1996)
42. The Get Up Kids - Something to Write Home About (1999)
43. Green Day - Nimrod. (1997)
44. Will Haven - El Diablo (1997)
45. Stiff Little Fingers - Inflammable Material (1979)
46. Napalm Death - Scum (1987)
47. A.F.I. - Black Sails in the Sunset (1999)
48. Poison Idea - Feel the Darkness (1990)
49. G.B.H. - Leather, Bristles, Studs and Acne (1981)
50. Killing Joke - Killing Joke (1980)

Esses são os 50 melhores e mais importantes discos de punk rock da história. A lista foi publicada no site da revista inglesa Kerrang na semana passada. É claro que cada um tem uma preferência e acha que alguns não deveriam estar ai e que tantos outros ficaram de fora, gosto não se discute, mas é fato que houve uma certa incoerência nessa escolha. Grupos como Ramones e The Clash não podem ficar na posição que ficaram, clássicos como Love Songs For The Retarded do The Queers e BoogadaBoogadaBoogada! do Screeching Weasel não poderiam ficar de fora, assim como o clássico American Idiot do Green Day, lançado em 2004 e que é um dos melhores, se não for o melhor disco de rock da década até o momento.
O Sex Pistols em primeiro e o Ramones em décimo é um pouco estranho, mas como é uma lista de uma revista inglesa, é natural que houvesse uma banda do país em primeiro. Mas ver o The Clash em oitavo com o primeiro disco que lançaram, não é normal. Ver o London Calling em 13° é ainda pior. É ai então que se percebe algo estranho.
O caso do Ramones e do The Clash são graves porque, além de ocuparem posições muito aquém do que lhes é de direito, mereciam pelo menos dois discos entre os dez primeiros. São as mais clássicas e melhores bandas de punk rock de todos os tempos.
Vamos começar pelo The Clash. O London Calling deveria estar, pelo menos, entre os três primeiros. O primeiro e homônimo LP do grupo, em uma lista como essa da Kerrang, não merece o oitavo lugar, deveria estar na frente de Offspring, Rancid e Discharge.
O Caso do Ramones é ainda pior. Os reis perderam a primeira posição para um grupo que ficou conhecido como a farsa do punk rock, o Sex Pistols. Sem os Ramones, sem os shows históricos que realizaram na Inglaterra em 75 e 76 e toda a cena de Nova Iorque no início da década de 70, não existiria Sex Pistols e não existiria punk inglês. Tudo isso já seria o suficiente, mas é fato que a maioria dos discos feitos por Joey, Dee Dee, Johnny, Tommy e depois com o Marky, são melhores que Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols. Discos como Ramones, Leave Rome, Rocket To Russia, Road To Ruin e Pleasant Dreams, não poderiam ter ficado de fora.
Outra injustiça foi com o punk rock brasileiro. O Brasil possui uma das principais cenas punks do mundo e bandas como Ratos de Porão e Cólera também poderiam estar na lista com os discos Crucificados Pelo Sistema e Pela Paz em Todo Mundo, respectivamente. Essas bandas, assim como Replicantes, Nitrominds, Jason, Street Bulldogs e tantos outros grupos nacionais realizam turnês pela Europa e são bastante conceituadas em alguns países do continente.
E ai voltamos a pergunta do título: 50 melhores discos de punk rock? Essas listas sempre geram muitas discussões, porque, como foi dito, cada um achará que faltou determinado disco ou que alguns discos mereceriam posições melhores, o que é natural. O Complicado é ver injustiça com bandas como o Ramones e o The Clash que lançaram os discos mais clássicos, não só do punk, mas do rock também, ficarem em posições tão abaixo do esperado. Ouça os discos, citados a cima, dessas bandas e entenderá o por quê. Ouça também os citados na lista, não conheço todos, mas ouvir bandas como Dead Kennedys, Black Flag, Buzzcocks, The Undertones, Descendents, Bad Religion, NOFX e tantas outras, é essencial para a compreensão do que é o punk rock.
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Depois de um longo período longe do blog, estou de volta. Vou tentar colocar, pelo menos, um texto por semana nesse período de férias. Assunto é o que não falta, alguns tristes, como a morte de Puskas, craque húngaro da seleção de ouro da década de 50; e outros mais felizes como os 40 anos do clássico LP Pet Sounds do Beach Boys e os 25 anos do histórico título mundial conquistado pelo Flamengo, entre outros. Todos com um certo atraso, mas o que vale é a intenção...hehehe. Aguardem.

Ouvindo:
Motörhead – Kiss of death (2006)
The Head Cat – Lemmy, Slim Jim e Danny B (2000)

O The Head Cat é um projeto muito interessante formado por Lemmy Killmister (Motörhead) e Slim Jim (Stray Cats). Rockabilly básico e do bom. Quem quiser baixar o disco completo, é só clicar no link abaixo, que abrirá o site do blog Lágrima Pisicodélica, onde há vários discos para download. O do The Head Cat está lá no final da página. Segue o link: