3.30.2007

Scoop - O Grande Furo


Scoop – O grande furo (Scoop, 2006), é a mais recente produção de Woody Allen. Um filme de enredo simples, despretensioso, bastante divertido e engraçado.
A história começa a partir da morte de um dos principais jornalistas investigativos da Inglaterra, o repórter Joe Strombel, interpretado por Ian McShane, de Deadwood. Após a morte, o espírito de Joe esta em um barco da morte, onde encontra a secretária de um milionário inglês. Ela lhe passa um furo de reportagem ao contar quem é o assassino da carta de tarô, conhecido por matar prostitutas morenas e de cabelos curtos. O repórter fica empolgado com a grande matéria que tem em mãos e sai a procura de um jornalista para poder repassar o furo.
É ai que entra em cena a personagem de Scarlett Johansson. Ela faz o papel de Sondra Pransky, uma americana estudante de jornalismo que está de férias em Londres. Sondra é uma repórter principiante, ainda com pouca habilidade e bastante desajeitada.
Strombel e Sondra se encontram em um show do mágico Sid Waterman, mais conhecido como The Great Splendini, interpretado por Woody Allen. Sondra é convidada a participar de um truque conhecido como “a caixa desmaterializadora”, onde Splendini faz as pessoas desaparecerem. Dentro dessa caixa ela conhece Strombel, que lhe passa toda a história sobre o assassino da carta de tarô e diz quem é o principal suspeito, o milionário Peter Lyman, interpretado por Hugh Jackman.
A partir daí Sondra, com a ajuda de Splendini, passa investigar a vida de Lyman. Para conhecê-lo melhor, ela se faz passar por Jade Spence e os dois começam a ter um caso.
Sondra se apaixona por Lyman, e passa a achar impossível que ele seja um serial killer. Após a morte de mais uma prostituta, a polícia anuncia a prisão do assassino. Splendini, que no início não queria se envolver com o caso, continua acreditando que Lyman é o culpado e resolve continuar com as investigações.
Scoop é uma bela comédia romântica junto com a história de misteriosas mortes em série. Woody Allen é o responsável pelas cenas mais divertidas do filme. Scarlett Johansson e Ian McShane também estão muito bem em seus papéis.
Lá fora, o filme teve muitas críticas negativas. Entre elas, uma do The Washington Post, que pegou pesado ao classificá-lo como “o pior filme que Woody Allen já fez”; e outra do The New York Times, dizendo que “não é especialmente divertido”. Mas também teve algumas positivas, como a do San Francisco Chronicle, que disse que Scoop é “a comédia mais engraçada do ano” e “o melhor filme de Allen na década”.
Já no Brasil, a crítica recebeu bem o filme. No jornal O Globo, o bonequinho aplaude sentado. Para este escriba que vos escreve (redundante?), o filme é muito divertido e engraçado, só o final que ficou devendo um pouco...



Ouvindo Ska de los hermanos Argentinos:
Dancing Mood - Dancing Groove (2004)
Satelite Kingston - ...Una Isla (2003)

Os dois discos lançados no Brasil pelo selo Radiola Records. O principal do país em se tratando de Ska.

3.24.2007

Roger Waters - Praça da Apoteose 23/03/07


Nunca imaginei que iria a um show de rock progressivo. Não curtia Pink Floyd e não conhecia muita coisa além da clássica Another Brick In The Wall e outras que tocam no rádio. Cresci ouvindo punk rock e, por isso, não gostava daquele estilo de músicas longas, temas complexos, poucas letras e muitos acordes.
Mas nada como o passar dos anos para fazer você repensar seus conceitos. Em novembro, ao realizar um dos meus passeios favoritos, perder horas em lojas de discos, encontrei o Dark Side Of The Moon em promoção e pensei “se todos dizem que é um dos melhores álbuns de todos os tempos, por que não ouvir e ver se ele realmente é bom?”. Comprei e considero um dos melhores que já ouvi.
Tudo isso para dizer que, se não fosse por esse disco, não teria presenciado um dos melhores shows que já assisti. Um dos melhores em termos musicais e, com certeza, o melhor em termos visuais, por causa da iluminação, o telão de alta resolução, que projetou vídeos e imagens inseridos no contexto das composições, e as labaredas nas laterais e no centro do palco. O sistema de som era quadrifônico, que consiste na disposição de quatro ou mais alto-falantes ao redor do público. O posicionamento do som é dado exclusivamente pelas relações de intensidade de volume entre as caixas de som. Este sistema é um dos mais avançados da atualidade, e reproduziu com fidelidade os diálogos, efeitos e intervenções das músicas.
Antes de começar o show, havia uma imagem no telão de um rádio antigo numa mesa, com uma garrafa de Whisky, comprimidos e um cinzeiro. As músicas iam tocando e, de acordo com o gosto musical do ouvinte virtual, aparecia uma mão que trocava a estação. O repertório foi baseado em rocks dos anos 50 e 60 e foi nesse ritmo que entrei na Praça da Apoteose, ouvindo uma das melhores músicas de Bob Dylan, Mr. Tambourine Man.
O Show, que teve um público de 25 mil pessoas, começou pontualmente às 21:30, com duas músicas do disco The Wall. A primeira foi In The Flash, seguida de Mother, que teve como destaque a participação de uma das vocalistas de apoio. Shine On You Crazy Diamond e Wish You Were Here também empolgaram o público. Essas músicas foram compostas em homenagem a Syd Barrett, guitarrista e vocalista do Pink Floyd no primeiro disco do grupo, o The Piper of the Gates of Dawn.
Quase no final da primeira parte do show, quando era executada Perfect Sense (partes 1 e 2), aconteceu o inesperado. O telão exibia uma imagem de uma plataforma de petróleo e um submarino dentro de uma piscina dentro de um estádio. Quando este disparou um torpedo, aconteceu um problema no palco e toda a parte elétrica parou de funcionar. Depois de uns 10 minutos, Roger Waters e a banda voltaram para tocar Leaving Beirut e Sheep. A primeira foi anunciada como música inédita, mas faz parte do cd single da música To Kill the Child, lançado apenas no Japão. Tem letra de forte crítica a atual política de guerras dos EUA. Em Sheep, um balão inflável no formato de um porco foi colocado no ar e trazia as seguintes frases: “Bush, não estamos a venda”; “Ordem e Progresso?”; “Medo Constrói Muralhas” e “Hey killers, leave our kids alone”, em referência a morte do menino João Hélio de 6 anos. E assim se encerrou a primeira parte do show...
Após 15 minutos de intervalo e muita expectativa, começa a segunda e mais aguardada parte, a execução de Dark Side of the Moon. Muitas das músicas desse disco são cantadas por David Gilmour (vocalista e guitarrista do Pink Floyd), e, com isso, coube ao guitarrista Dave Kilminster, a difícil tarefa de substituir os vocais de Gilmour. Logo nos primeiros acordes de Speak to Me/ Breathe se percebe a empolgação do público, que cantou todas as músicas, do início ao fim do show. Logo em seguida veio a instrumental On the Run e a arrasadora Time, que foi, junto com Money, Us and Them e Brain Damage, o principal destaque dessa parte do show.
No bis, Roger Waters chamou as crianças do coral infantil da UFRJ para a participação em Another Brick in the Wall, part. 2. No fim desta, Waters fez questão de se despedir de cada criança do coral. Bring the Boys Back Home e Comfortably Numb vieram logo em seguida e encerraram de forma apoteótica o rock-espetáculo de Roger Waters, que teve pouco mais de 2h30m de show.

I'll see you on the dark side of the moon...

Ouvindo as músicas do set list do show. Segue a relação a baixo:

1ª Parte

1- In The Flash

2 - Mother

3 - Set the controls for the heart of the sun

4 - Shine on you crazy diamond (partes 2 a 5)

5 - Have a Cigar

6 - Wish you were here

7 - Southampton dock

8 - The Fletcher Memorial Home

9 - Perfect Sense (partes 1 e 2)

10 - Leaving Beirut

11 - Sheep

2ª parte

12 - Speak to me / Breathe

13 - On the run

14 - Time

15 - Breathe (reprise)

16 - The great gig in the sky

17 - Money

18 - Us and Them

19 - Any colour you like

20 - Brain Damage

21 - Eclipse

Bis

22 - The Happiest days of our lives

23 - Another brick in the wall (parte 2)

24 - Vera

25 - Bring the boys back home

26 - Comfortably numb

3.09.2007

Entrevista: Shileper High

Essa é a entrevista que fiz, para o site Vale Punk, com o Conrado, baterista do grupo Shileper High.


O Shileper High é um grupo de São Bernardo do Campo, São Paulo, formado em 2001 pelos irmãos Guilherme (guitarra e vocal) e Conrado (baterista), e que possui fortes influências das bandas punks californianas da década de 90. Nos dois discos, o Downhill Slide, de 2005, lançado pela Highligh Sounds, e o Shilas on the Rocks, de 2006, lançado pela Greenfox Records, de porpriedade do baterista, fica claro a influência do Green Day no som do grupo. Entre o lançamento desses cd`s houve troca de integrantes e o baixista André Pestana passou a fazer parte do Shileper. Confira a seguir a entrevista feita com o baterista Conrado.
1 – Como vocês começaram com o Shileper High?
A história é meio longa... A banda existe, não com esse nome, desde antes de eu entrar nela, acho que começou em 1998, algo assim... Eu entrei em 2000, meu irmão já tocava nela, e eu assumi todos os corres da banda. Mudamos o nome, a formação e fizemos músicas próprias, pois na época só tocávamos covers... Gravamos umas demos e em 2005 lançamos o primeiro cd. Em 2006, lançamos o Shilas on The Rocks, nosso segundo disco.

2 – O Primeiro cd de vocês, o Downhill Slide, saiu pela Highlight Sounds. Como aconteceu esse contato?
Demos bem logo de cara, e aí foi só questão de tempo. Em abril de 2005 o cd saiu!!!

3 – O segundo, o Shilas on the Rocks, foi lançado pelo próprio selo de vocês, o Greenfox records em parceria com a F Records, por que essa mudança?
A Highlight tava passando por um período fenomenal de aumento das atividades. O César tava viajando sempre em turnês e produzindo shows gringos no Brasil e claro que isso teve um preço, que foi colocar as atividades de produtora frente às de gravadora. Pra nós, as coisas estavam meio paradas, então decidimos que, com a ajuda do Francesco, da F Records, iríamos lançar o cd e trabalhar em cima. Mas o César e o pessoal da Highlight continuam muito amigos nossos.

4 – Como foi o processo de gravação e como está sendo a divulgação do Shilas on the Rocks?
Nós gravamos no estúdio C4, em São Paulo, canal por canal. O resultado final ficou bom, mas recentemente nós conversamos e decidimos que os próximos cds serão gravados da forma mais caseira e barata possível, não por nada, mas esse é nosso estilo, o Shileper não nasceu para ser uma banda moldadinha, bonitinha, com linhas de guitarras fenomenais e coros afinadíssimos, acabamos travando uma guerra com o estúdio. Então, a partir de agora, as coisas serão 1000x mais simples. Mas no geral, eu adoro esse novo cd, é onde estão nossas melhores músicas. A divulgação está sendo feita de uma maneira bem simples também: cds para resenhas e entrevistas onde achamos importante, onde não precisamos dar respostas feitas e nem temos que pagar para aparecer. Tem site aí que se diz independente e não abre as portas para as bandas novas, a mesma coisa acontece com algumas revistas. Com a televisão e com o rádio então nem se fala né?

5 - E como tem sido a receptividade do público ao disco?
O pessoal que ouve curte. Tem um monte de gente que nós tentamos mostrar, mas que nem quer ouvir e muitas outras que aparecem comentando que acharam fodaço. Eu acho que o tempo vai achando o nosso público, não é muita gente, mas é um pessoal bem legal. Adoro conversar com a galera pela comunidade do orkut. Sei lá, fazer banda de Punk Rock em Inglês virar, numa cena que está dominada de emo, superproduções, gel e franjas... Vai ser difícil conseguir qualquer coisa, mas sei lá, se a banda acabasse hoje, eu já ia sentir-me com dever cumprido, já que a galera que conhece curte bastante mesmo e tem curtido durante todo esse tempo. O CD novo tem aberto muitas portas também, principalmente pra galera do Skate.

6 - vocês já participaram de algum vídeo de skate ou surf? Ou tocaram em algum campeonato desses esportes?

Tocamos uma vez na pista da Plasma em São Paulo e em um campeonato em Jundiaí. Saímos em 2 vídeos de surf da Oakley. Sinceramente, é o público para o qual eu mais gosto de tocar.

7 – Por quê?

O pessoal é bastante interessado em conhecer as bandas e o som. Não só para punk/hc, mas pra outros estilos também, são bem cabeça aberta pra coisas novas e a galera se identifica bem com o som da banda.

8 – Vocês pretendem lançar outras bandas pelo Greenfox Records?
Eu já lancei por este selo os grupos: Foko, Fábrica Civil, Bad Shelter, Firstations, Shileper High e, em breve, sai o cd do Pacific. Vou ficar fechado nessas bandas por enquanto, depois tenho vontade de trabalhar com umas bandas gringas.

9 - Já tem alguma banda gringa em mente?

Eu estou em contato com o Antiskeptic da Austrália, que eu adoro, e com algumas outras bandas de lá. O meu sonho é lançar e trabalhar com o Bodyjar aqui no Brasil, que é uma banda que eu piro muito, quem sabe eu consiga um dia rsrs... Têm outras que eu converso, mas nada garantido, que eu possa divulgar. Isso vai levar um tempo pra se tornar realidade.

10 – Na época que vocês lançaram o Shilas on the rocks, vocês disponibilizaram todas as músicas em streaming na internet. Qual a opinião de vocês sobre música na internet?
Ajuda a divulgar bastante, mas comercialmente não é bom. Por isso, disponibilizamos em streaming. O foda é que duas semanas depois já tinha o disco inteiro pra download. Eu não entendo como funcionam essas coisas, mas eu acho muito difícil de bloquear, então, de uma forma ou de outra, vamos ter que conviver com isso. Mas é certo que, quem realmente gosta de música, sabe que nenhum ipod ou mp3 player substitui você colocar um cd, que você comprou da mão da banda, no seu som e ouvir.

11 – Todas as músicas de vocês são em inglês. Vocês fazem algum tipo de divulgação em sites de outros países?

Os gringos são meio cabeça duras. Eles não entendem que banda brasileira independente não tem condição de fazer uma gravação milionária e uma superprodução como eles fazem, e logo acham as bandas daqui meio ruins. Salvam-se raras exceções de selos e sites que tenham essa disposição de conhecer coisas fora do eixo Eua-Europa, então é tudo meio limitado. Tenho um bom contato em Portugal que tem ajudado bastante agente lá e na Argentina eu to negociando a edição do Shilas on the Rocks por lá. Também estou usando o fato do selo trabalhar com bandas de fora, pra abrir portas pro Shileper em alguns lugares, como troca de favores. Vamos ver se alguma coisa funciona pra nós nesses lugares.

12 - Já rolou alguma proposta de show lá fora?

Rolou conversa, mas depois que o cd fosse lançado. Na Argentina isso.

13 – Vocês pensam em gravar algumas músicas ou um cd em português?

Estamos pensando em montar uma outra banda, com os mesmos integrantes, mas com musicas em português. Mas por enquanto só pensando...

14 - Por quê não fazer com o Shileper High?
Pra não mudar a identidade da banda saca? Shileper High pra nós vai ser sempre em inglês, agente não quer mudar isso por nada.

15 – Quais são as principais influências do som do Shileper High e quais outros grupos que vocês ouvem?

Bandas da cena californiana de 1995 em diante. Eu, particularmente, piro em Green Day, Blink, Rancid, Operation Ivy, Pinhead Gunpowder, Samiam, Offspring. Tem bandas como Bodyjar e Face To Face que eu estou ouvindo muito agora. Acho que todo mundo na banda gosta bastante disso.

16 – Como foi tocar no Vans Zona Punk Tour 2006 e ter a possibilidade de tocar em lugares que vocês não tinham ido?
Foi do caralho! Agente se fudeu muito, eu to pagando divida até agora... Mas valeu a pena. Os shows, os lugares e as pessoas foram impagáveis. Rolou muita coisa boa e muita coisa ruim, mas no geral valeu muito. Foi o mês mais louco da minha vida saca? Valeu também por passar horas e horas com os US Bombs, os caras são fodas e foram muito amigos nossos, inclusive, o Kerry me chamou pra ir para os EUA, passar um tempo lá e tocar numa banda com ele, mas infelizmente não posso =(.

17 - Há pouco tempo vocês gravaram um videoclipe. De qual música será esse clipe e como foram as gravações?

Será da Good Night Cindy. Agente gravou em casa e não gastamos 1 real, mas tivemos o cuidado de fazer um cenário bonito e a porra toda. Ainda falta editar e tal, mas acho que vai ficar bem legal.

18 - Quando pretendem lançar e onde pretendem divulgá-lo?

Em umas 2 ou 3 semanas. Pretendemos divulgar no You Tube, canais locais, sites e myspace, esses lugares mais abertos.

19 – Qual foi o melhor show do Shileper High?
Teve um em Registro, no interior de SP, que foi do caralho. Em BH foi muito bom também. Teve um show num festival antigo, o PRIMATA HC, que foi bem animal também e teve um outro festival que agente organizou aqui em São Bernardo do Campo que foi do capeta também!!! Minhas quatro melhores lembranças.

20 – Quais são os planos para 2007?
Vamos lançar umas músicas inéditas na net. Estamos montando um estúdio para trabalhar com a banda, além de alugar é claro, e dar um trampo no show e nas musicas e fazer bastante show, agente curte dar uns role pirado por aí.

21 - Valeu pela entrevista Conrado. Deixa ai um recado para os leitores do vale punk e as pessoas que curtem o som do shileper high...

Valeu pelo espaço. Vocês são foda e eu admiro muito a persistência em ter um site e trabalhar com bandas novas e independentes. Valeu a galera que entra aqui e lê pela atenção, ao invés de ficar que nem bobo vendo mtv, mas sim vir aqui buscar informações. E se você, por ventura, goste do Shileper High, obrigado mais uma vez!!!

Links Relacionados:

Ouvindo: Mr.T Experience - Revenge Is So Sweet, and So Are You (1997)