10.03.2006

Eleições 2006

Como todo ano de eleição para presidente, 2006 começou morno com relação a discussões políticas entre a população por causa da Copa do Mundo, que continuou sendo assunto durante pelo menos um mês devido à derrota do Brasil, a apatia dos nossos jogadores, o peso do Ronaldo, a meia do Roberto Carlos fora do lugar e a cabeçada do Zidane.
Agosto chegou rápido e com ele o tão odiado – e também engraçado – horário gratuito eleitoral. Com a aproximação do 1º turno, que foi realizado neste último domingo, dia 1 de outubro, o país passou a respirar política. O futebol deixou de ser o principal assunto das mesas de bares e a política brasileira passou a ser assunto nacional.
Discussões por todos os lados sobre mensalão, sanguessugas, comparações entre os governos FHC e Lula, o rápido crescimento nas pesquisas de uma radicalzinha bonitinha e cheirosinha, mas também muito nervosinha – para alguns, sem educação –, e para completar o quadro, o escândalo do dossiê comprado pelos petistas para incriminar os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin.
Na última semana, com a realização do último debate, que é realizado pela TV Globo, a principal questão passou a ser a ida ou não do Presidente Lula. Para muitos foi um erro grave, que poderia custar a não vitória no primeiro turno. Mas não custa lembrar que nas eleições de 89, a mesma Rede Globo acabou com as possibilidades de vitória do Lula, quando fez uma edição favorável ao então candidato Fernando Collor de Mello. Por que essa situação não poderia se repetir agora?
Outro motivo forte para a ausência do candidato do PT no debate foi à presença da candidata do PSOL, Heloísa Helena. Lula à teme porque foi um dos responsáveis pela expulsão da senadora do Partido dos Trabalhadores e sabe que a presença dela no debate é uma ameaça à reeleição.
Depois de tantas conversas sobre política e algumas brigas por discordâncias de opiniões, enfim chegou o dia 1 de outubro, o dia do 1º turno da votação, para muitos brasileiros poderia ser o único, mas não por apoiarem a vitória do Lula logo de cara, mas para não terem que exercer esse sacrifício democrático novamente no dia 29 de outubro.
No domingo, logo no início do dia, foi triste constatar que a maioria dos nossos políticos continuam não respeitando as leis do nosso país. Nessa eleição, boca de urna era proibido, mas nosso caminho até o local de votação era tomado por santinhos e algumas pessoas com camisas e bandeiras de candidatos. Acho que é em época de eleição que a nossa cidade fica mais feia, por todos os lados que olhos há um candidato com um sorriso cínico e o respectivo número, será que somos tão idiotas?
Logo no início da noite as primeiras urnas começaram a ser apuradas e a pouca diferença entre Alckmin e Lula já nos indicava que haveria 2º turno, até porque a última cidade a terminar a apuração foi SP, onde Alckmin têm a maioria dos votos. No final, Lula obteve 48,6% dos votos, contra 41,63% de Geraldo, que teve um aumento impressionante para quem, até o início da semana, tinha apenas 28%. Um detalhe curioso é a divisão que aconteceu entre as regiões do país. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o poder econômico é maior, o tucano teve maioria de votos; enquanto que nas regiões mais pobres, Norte e Nordeste, o petista teve a maioria de votos.
Um triste resultado foi ver que mensaleiros, sanguessugas e outros corruptos antigos conseguiram um lugar na câmara e no senado. São Paulo teve os resultados mais vergonhosos, o principal deles foi à eleição de Paulo Maluf (PP) e Clodovil Hernandes (PTC) como os mais votados para deputado federal no estado. É claro que muitos outros casos aconteceram pelo país, como a eleição do Collor para o senado por Alagoas, mas o espaço é muito curto para citar todos.
Com relação à cláusula de barreira, apenas sete dos 26 partidos conseguiram atingir a meta de 5% dos votos nacionais para a Câmara e mais 2% em pelo menos nove estados. Foram eles: PT, PDT, PMDB, PSDB, PFL, PP e PSB. Com isso partidos como o PSOL, PTB, PC do B e PV irão perder o pleno direito a funcionamento.
Para muitos, o desempenho do Brasil na Copa do Mundo mostrou o espírito do povo brasileiro, para estes, somos apáticos, sem determinação e vontade de lutar. Mas será que realmente somos assim? Acho que não. Se isso fosse verdade, não teríamos lutado contra a ditadura militar, não sairíamos as ruas pelas diretas já e para tirar um corrupto do poder, como aconteceu com o Collor. Se esses brasileiros acham isso do próprio povo, é por que eles mesmo possuem esse tipo de atitude e não têm coragem de protestar contra o que há de errado em nosso país.

Ouvindo:
John Frusciante – To Record Only Water For Ten Days (2001)
The Slackers – Peculiar (2006)

2 comentários:

Ge Detogne disse...

Calhorda Replicante Bahiana,

Hehehe! Essa é a revolta de um presidente de zona-sessão eleitoral? rs....

Hum. Acho que se as coisas podem piorar... elas pioram, companheiro! rs......

bjossss

Anônimo disse...

já nem sei mais se é válido lembrarmos do exemplo do Collor.
de que adianta termos tirado o cara se depois ele consegue voltar (bem, pelo menos foi "só" para o senado) com grande soma de votos?
triste, meu caro...

ps.: esses discos solos do Fruxi são o poder!