11.15.2008

Hotel Ruanda (2004)

O ano é 1994, e Ruanda, um pequeno e montanhoso país localizado no centro da África, vive uma forte crise política entre os dois grupos étnicos da região, os Hutus, que são a maioria, e os Tutsis, que estão em menor número.
Ruanda, que era uma colônia da Bélgica, sempre teve como grupo dominante do poder os Tutsis, até a independência em 1962. Durante esse período, a classe alta dos Tutsis foi manipulada pela Igreja Católica e pelos belgas para reprimir o resto da população – os Hutus e os demais Tutsis -, através da cobrança de impostos e impondo o trabalho forçado, aumentando ainda mais os problemas sociais entre os dois grupos étnicos.
Após a independência, os Hutus passaram a ser o grupo político dominante em Ruanda, e logo tomaram várias medidas de repressão contra os Tutsis, o que acaba gerando mais uma crise política. O Major General Juvénal Habyarimana distitui o seu primo Grégoire Kayibanda do poder em 1973, dissolve a Assembléia Nacional e abole todas as atividades políticas do país.
Em 1978, foram organizadas novas eleições e é aprovada uma nova constituição. Habyarimana é confirmado como presidente e o resultado se repete nos anos de 1983 e 1988, todas como candidato único. Em julho de 1990, em resposta as pressões públicas por reformas políticas, Habyarimana anuncia a intenção de transformar Ruanda em uma democracia multipartidária.
Mas, devido a uma série de problemas climáticos e econômicos, tem se o início dos conflitos internos entre a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), formada por Tutsis refugiados nos países vizinhos, e o Governo Hutu. Em 1992 é assinado um acordo de cessar-fogo entre os dois grupos. Mas, com a morte do Presidente Habyarimana, em abril de 1994, após um ataque ao seu avião na chegada ao aeroporto de Kigali, capital de Ruanda, a crise política entre os dois grupos se agrava, o que acaba gerando o grande genocídio que se siguiria nos próximos três meses.
É neste triste cenário que se passa a história real de Hotel Ruanda (2004), estrelado brilhantemente por Don Cheadle e que lhe proporcionou uma indicação ao oscar de melhor ator. Cheadle é Paul Rusesabagina, gerente do Mille Collines, de propriedade de uma empresa belga.
Rusesabagina é um hutu que tem parentes e amigos Tutsis, inclusive sua esposa e filhos, vive uma vida tranquila e dedicada ao trabalho. Com o agravamento dos conflitos entre as duas etinias e a perseguição dos Hutus aos Tutsis, ele acaba se tornando um líder do campo de refugiados que acaba se tornando o hotel que gerencia.
O mais espantoso de toda essa história é que essa divisão entre Hutus e Tutsis foi criada pelos colonos belgas. Não há nenhuma diferença linguística ou cultural entre eles, visualmente não há como se saber quem é hutu ou quem é tutsi, a única forma de se descobrir é através dos documentos de identificação. Este tipo de situação é retrado várias vezes ao longo do filme, principalemente em uma cena em que o personagem vivido por Joaquin Phoenix, o jornalista Jack Daglish, conversa com um repórter local sobre as origens dos conflitos entre os dois grupos e as suas principais diferenças.
Hotel Ruanda é um filme que desperta no público sentimentos de revolta e incompreensão sobre a situação de um povo que vive conflitos que, para nós, não faz nenhum sentido, causado por uma situação de manipulação de um país mais rico sobre um mais pobre. Um conflito gerado por um colonizador que só se preocupou em explorar a região e estimular o desentendimento entre a população, criando diferentes grupos que antes não existiam.
Esses sentimentos também são percebidos a partir da exposição de que os Hutus eram financiados pelo governo francês, pela total falta de interesse das principais potências mundiais em intervir nos conflitos e na tentativa destes de ignorar os fatos que aconteciam em Ruanda, tentando camuflar um genocídio de quase 1 milhão de pessoas, o equivalente a 11% do total da população e 4/5 da população de tutsis que viviam no país.
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Ouvindo: Jack Johnson - Sleep Through the Static (2008)

6.10.2008

Rain Man

Charlie Babbitt (Tom Cruise) é dono de uma loja de carros em Los Angeles que está cheio de dívidas e tendo problemas com as vendas. Ao se preparar para um fim de semana de descanso com a namorada Susanna (Valeria Golino), recebe a notícia do falecimento do pai, com quem não tinha nenhum tipo de contato há muitos anos. Apesar desse distanciamento, Charlie resolve ir ao enterro, estando mais interessado no testamento do que em lamentar a morte de seu genitor.
Mas os fatos não se desenrolam da maneira como ele planejara, e acaba descobrindo que herdara apenas um carro modelo Buick 1949 e as roseiras premiadas que o pai plantava. Além disso, descobriu também que o dinheiro, uma fortuna estimada em pouco mais de 3 milhões de dólares, havia sido deixada para um “beneficiário” desconhecido. Este fato o deixa revoltado e, como esta precisando de dinheiro para não ir à falência, tenta encontrar quem herdou o dinheiro de seu pai. Isto o leva a descobrir que os 3 milhões de dólares foram transferidos para uma instituição de doentes mentais, em Cincinnati, Ohio, que é responsável pelos cuidados do autista Raymond Babbitt (Dustin Hoffman), o irmão mais velho de Charlie, o qual este nunca tinha sido informado da existência.
E é a partir daí que a estória começa a se desenrolar. Charlie decide levar Raymond embora da instituição, na tentativa de conseguir conquistar metade do dinheiro da herança.
Esta viagem de volta a Los Angeles é marcada por vários conflitos vividos por Charlie que, através do relacionamento com o irmão, passa a adquirir e a perceber a importância de valores como o amor e a família, cujos quais não havia desenvolvido, devido aos problemas que teve durante o convívio com o pai na infância e na adolescência.
Mas o principal da estória não é a luta de Charlie para conseguir o dinheiro, e sim, o início do relacionamento entre os dois irmãos e a aprendizagem que um passa a ter com o outro.
Raymond é um autista que passara a maior parte da vida em uma instituição para doentes mentais, praticamente sem ter contato com a sociedade e com atividades rigorosamente controladas, que não o ajudam a se desenvolver socialmente e, tampouco culturalmente. A vida dele se resume a contar o tempo que falta para começar os programas de TV que é obrigado a assistir e alimentar-se com um cardápio elaborado para cada dia da semana. Mas Raymond possui uma característica impressionante, a de poder calcular problemas matemáticos complicados, com grande velocidade e precisão de raciocínio
Quando passa a conviver com o irmão Charlie, ele passa a ter uma quebra de rotina em algumas situações durante a viagem, o que faz com que Raymond tenha alguns conflitos internos, levando-o a ter dificuldade para se adaptar a uma forma de vida diferente da qual ele tinha. Mas esse convívio com o irmão, mesmo sendo de poucos dias, proporcionou algumas evoluções no comportamento de Raymond, fazendo com que ele desenvolvesse algumas características que não possuía, como a capacidade de tocar em outras pessoas, o que nunca tinha feito dentro da instituição.
Pode ser que esse problema esteja mais relacionado ao estilo de vida que ele foi habituado a ter na instituição para doentes mentais do que pelo problema de autismo que possui. A doença pode ter se agravado ainda mais dentro da própria instituição que, ao invés de encontrar uma solução ou tratamento para fazer com que ele pudesse viver em sociedade, o isolou ainda mais, criando-o em um local onde ele tinha contato, a maior parte do tempo, com pessoas em situações piores que a dele.
Rain Man é um filme de roteiro simples, que trata de um tema extremamente complicado com bastante seriedade e até com um pouco de humor, mas sem deixar cair na banalização ou preconceito. Rain Man é um dos poucos filmes que sobre uma doença mental, que consegue expor e tratar o personagem autista de uma forma natural, colocando-o como uma pessoa comum que possui uma doença, e não como um pobre coitado ou um ser anormal. Mérito dos diretores e do ator Dustin Hoffman, pela atuação brilhante, que lhe rendeu o Oscar de melhor ator de 1988 e que também foi o principal responsável pela composição do personagem. No roteiro original, Raymond seria uma pessoa amigável e feliz, mas foi por sugestão de Dustin Hoffman que ele passou a ser um autista.
Rain Man, além de levar o Oscar de melhor ator, venceu nas categorias de melhor direção (Berry Levinson), melhor roteiro original e melhor filme. Ganhou também o Globo de Ouro de melhor filme na categoria drama e melhor ator dramático com Dustin Hoffman.
Título Original: Rain Man
Gênero: Drama
Duração: 133 minutos
Ano de Lançamento: 1988 (EUA)
Direção: Berry Levinson
Elenco: Dustin Hoffman, Tom Cruise e Valeria Golino

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Ouvindo: REM - Accelerate (2008)

5.15.2008

Inteligências Múltiplas e Natação

I - O Surgimento do Conceito de Inteligências Múltiplas
A teoria sobre as inteligências múltiplas foi desenvolvida, no início da década de 90, por um grupo de pesquisadores da Universidade de Havard, nos EUA. Esta equipe era liderada pelo psicólogo americano Howard Gardner.
Os estudos desta equipe começaram a partir de críticas ao método criado no início do século para avaliar as capacidades cognitivas de uma pessoa, fazendo uma comparação com o grupo da mesma faixa etária. Este método ficou conhecido como Quociente de Inteligência, conhecido popularmente como teste de Q.I.
Para Gardner, deveria haver uma forma melhor de avaliar as capacidades intelectuais de um indivíduo, do que realizar um teste com respostas curtas para perguntas curtas, que terá como resultado um número único, que será o quociente de inteligência e que exercerá um considerável efeito sobre o futuro desta pessoa.
Segundo o psicólogo, deve-se deixar que a imaginação vague livremente e, com isso, considerar os mais variados tipos de desempenhos valorizados ao redor do mundo. Ou seja, deveriam ser abandonados os testes e suas correlações, e realizar observações das fontes de informações mais naturalistas a respeito de como as pessoas, no mundo todo, desenvolvem capacidades importantes para seu modo de vida.
Para Gardner, a inteligência não deve ser compreendida como um atributo geral, mas sim, como aptidões específicas que se manifestam em habilidades no desempenho de tarefas.
Gardner explica que as inteligências não são objetos que podem ser contados, e sim, potenciais que poderão ser ou não ativados, dependendo dos valores de uma cultura específica, das oportunidades disponíveis nessa cultura e das decisões pessoais tomadas por indivíduos e/ou suas famílias, seus professores e outros pois, nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e habilidades, e nem aprendem da mesma maneira.
Para desenvolver o estudo sobre a teoria de inteligências múltiplas, Gardner observou os mais variados grupos sociais que apresentavam perfis cognitivos regulares ou circuitos irregulares em diferentes culturas e espécies.
Com isso, junto com o grupo de pesquisa de Havard, que o ajudou na realização das observações dessas fontes de informações sobre o desenvolvimento, sobre colapsos, sobre populações especiais e assim por diante, que possibilitaram a reunião de uma grande quantidade de informações, o psicólogo pode identificar e desenvolver, inicialmente, sete tipos de inteligências nos seres humanos, que são as seguintes: lingüística, musical, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, a Interpessoal e a Intrapessoal.
Recentemente, Gardner realizou uma reformulação da teoria das Inteligências Múltiplas e acrescentou uma oitava inteligência, a Inteligência Natural que refere-se à habilidade de reconhecer e classificar plantas, animais, minerais, incluindo rochas e gramíneas e toda a variedade de fauna e flora e devido às suas contribuições para uma maior compreensão do meio ambiente e de seus componentes.
Nesta recente atualização da teoria, Gardner também tentou incluir a Inteligência Espiritual ou Existencial. Mas, embora tenha um interesse por este nono tipo, o psicólogo chegou a conclusão que ainda não tinha como acrescentá-la a lista pois, segundo ele, “o fenômeno é suficientemente desconcertante e a distância das outras inteligências suficientemente grande para ditar prudência, pelo menos por ora", conclui Gardner em seu mais recente livro.
II - A Didática das Inteligências Múltiplas
Para Gardner, o papel fundamental da escola deve ser o de desenvolver as Inteligências Múltiplas e ajudar as pessoas a atingirem objetivos de ocupação adequados aos interesses particulares de inteligência. Gardner propõe uma escola centrada no indivíduo, voltada para um bom entendimento e desenvolvimento do perfil cognitivo do aluno.
Segundo Gardner, para que a concretização do projeto de desenvolver um sistema de educação voltado para o estímulo do aperfeiçoamento das Inteligências Múltiplas das crianças, deve-se haver uma resistência as mais variadas pressões atuais para a uniformidade e padronização do ensino e, conseqüentemente, não aplicar avaliações unidimensionais.
Por isso, deve haver a compreensão dos professores de que eles possuem papel fundamental na avaliação dos alunos pois, possuem como objetivo, tentar compreender as capacidades e interesses destes. Isso serviria para estimular o desenvolvimento das habilidades e dos interesses dos alunos por uma determinada área, e descobrir em qual ou em quais Inteligências Múltiplas ele está inserido e procurar desenvolver outras que ele não esteja tão familiarizado.
Isso faz com que os professores possam desenvolver aulas mais completas, personalizadas e diversificadas, podendo explicar e promover a compreensão das aulas através dos seguintes níveis: Interpessoal, Intrapessoal e cultural; proporcionando nos alunos o desenvolvimento de técnicas metacognitivas de aprendizagem.

III – Inteligências Múltiplas e a Natação

Neste tópico serão definidos os conceitos de cada uma das Inteligências Múltiplas, para que possa ser feita uma relação destas com a maneira que elas podem ser empregadas na aprendizagem da natação para estimular o desenvolvimento da respiração, submersão, equilíbrio, propulsão e outras características fundamentais para a adaptação do ser humano ao meio líquido.

- Inteligência Lógico-Matemática
É o desenvolvimento da inteligência relacionada ao raciocínio lógico e a questões matemáticas. É a inteligência que determina a habilidade para o raciocínio dedutivo, para a compreensão de cadeias de raciocínio, além da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos. É a competência mais diretamente associada ao pensamento científico e, portanto, à idéia tradicional de inteligência.
Ela pode ser aplicada na aprendizagem da natação, através de exercícios voltados para a utilização de uma matriz de crescimento, como por exemplo, o de pedir para as crianças pegarem, no fundo da piscina, um número seguinte ao do que o colega tenha pegado. Esta inteligência também pode ser desenvolvida através de exercícios ou tarefas cronometradas.

- Inteligência Musical

Pode ser utilizada através de atividades que utilizam a música para estimular a prática de um exercício, o que pode ser bastante observado em aulas com crianças e bebês. É a inteligência que permite a alguém organizar sons de maneira criativa, a partir da discriminação de elementos como tons, timbres e temas. As pessoas dotadas desse tipo de inteligência geralmente não precisam de aprendizado formal para exercê-la, como é o caso de muitos músicos famosos da musica popular brasileira.
Na natação, a inteligência musical pode ser utilizada para produzir rotinas de exercícios baseados em uma grande variedade de músicas, tendo como objetivo: estimular a propulsão de pernas, submersão, volta à calma, atividades recreativas, entre outras. A música é importante em uma aula de natação para crianças e bebês, porque também faz com que as crianças se mantenham concentradas nos exercícios.

- Inteligência Lingüística

Manifesta-se na habilidade para lidar criativamente com as palavras nos diferentes níveis da linguagem (semântica, sintaxe), tanto na forma oral quanto na escrita, no caso de sociedades letradas. Particularmente notável nos poetas e escritores, é desenvolvida também por oradores, jornalistas, publicitários e vendedores, por exemplo.
Na natação, a Inteligência Lingüística pode ser estimulada através de exercícios recreativos que envolvam a escrita ou a fala; e nas diversas maneiras que o professor tem de poder passar uma aula, como por exemplo: através da fala, desenhos ou demonstração prática.

- Inteligência Espacial

É a capacidade para formar um, modelo mental preciso de uma situação espacial e utilizar esse modelo para orientar-se entre objetos ou transformar as características de um determinado espaço, ou seja, é à capacidade de formar um mundo espacial e de ser capaz de manobrar e operar utilizando esse modelo. Ela é especialmente desenvolvida, por exemplo, em arquitetos, navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros e escultores.
A inteligência espacial pode ser desenvolvida na natação, através de atividades recreativas que lidem com o aspecto espacial da piscina e através de treinamentos que envolvam o estímulo da noção das distâncias percorridas e o espaço limite que os alunos possuem para nadar.

- Inteligência Corporal-Cinestésica

É uma capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos utilizando o corpo, ou seja, inteligência que se revela como uma especial habilidade para utilizar o próprio corpo de diversas maneiras. Envolve tanto o autocontrole corporal quanto a destreza para manipular objetos. Cinestesia é o sentido pelo qual percebemos os movimentos musculares, o peso e a posição dos membros. Atletas, dançarinos, malabaristas e mímicos têm essa inteligência altamente desenvolvida.
Na natação, este tipo de inteligência pode ser desenvolvida através de exercícios que estimulem a aprendizagem e o aperfeiçoamento de movimentos que utilizem os dois hemisférios, e a prática de movimentos que serão feitos na piscina.

- Inteligência Interpessoal

É a capacidade de uma pessoa dar-se bem com as demais, compreendendo-as, percebendo suas motivações ou inibições e sabendo como satisfazer suas expectativas emocionais, ou seja, é a capacidade que um ser humano tem de se relacionar com outras facilmente, sem timidez ou vergonha. Esse tipo de inteligência se ressalta nos indivíduos de fácil relacionamento pessoal, como líderes de grupo, políticos, terapeutas, professores e animadores de espetáculos.
A inteligência Interpessoal pode ser desenvolvida através de atividades cooperativas, visando a união e a amizade entre os alunos, sem se preocupar com competições e estímulos de rivalidade. Aqueles tipos de atividades irão desenvolver senso de responsabilidade sobre as ações dos outros e a valorização da importância de todos dentro de um grupo.

- Inteligência Intrapessoal

Inteligência Intrapessoal é uma capacidade correlativa, voltada para dentro. Capacidade de formar um modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida.
É a competência de uma pessoa para conhecer-se e estar bem consigo mesma, administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. Enfim, é a capacidade de formar um modelo real de si e utilizá-lo para se conduzir proveitosamente na vida, característica dos indivíduos "bem resolvidos", como se diz em linguagem popular.
Esta inteligência pode ser desenvolvida pela natação, através de conversas com os alunos para mostrá-los como será importante a prática de uma determinada atividade e a importância dos exercícios físicos para a promoção da saúde e uma melhora na qualidade de vida.

5.06.2008

Tempos Modernos?

Tempos Modernos, considerado uma das maiores comédias de todos os tempos, é um filme de conteúdo político e de crítica ao sistema de produção das grandes indústrias modernas, que exploram o trabalho dos operários, que realizam movimentos repetitivos e mecanizados, onde um deles acaba desenvolvendo problemas de stress e passa a ter um colapso nervoso. Devido a este problema, ele é despedido e, logo em seguida, é internado em um hospital. Após o período de recuperação, ele passa a ter que conviver com a eterna ameaça de estafa que a vida nas grandes cidades pode proporcionar, como: a correria diária, a poluição sonora, as confusões entre as pessoas, os congestionamentos, as multidões nas ruas, o desemprego, a fome, a miséria...
A figura central do filme é Carlitos, um dos maiores personagens do cinema e criado por Charles Chaplin que, além de estrelar o filme, também participou da produção, direção, criação do roteiro e produção musical.
O filme é de 1936, mas continua bastante atual, pois é uma crítica a “modernidade” e ao sistema de produção capitalista, que está mais preocupado com o retorno financeiro que as vendas poderão fornecer, do que com a qualidade de vida e de trabalho dos funcionários, que também são responsáveis pelo sucesso comercial de uma empresa. Ou seja, o produto passa a ter um valor maior do que o do operário, pois é aquele que irá determinar as condições de trabalho destes e, também, as demissões e contratações. Neste sistema de produção, os seres humanos passam a ser apenas um objeto, uma ferramenta, para que a burguesia obtenha mais lucro e mais poder.
O colapso nervoso que o personagem Carlitos acaba desenvolvendo, é fruto deste sistema de produção capitalista, baseado na divisão de trabalho e na linha de montagem, que possuem como característica principal a mecanização do trabalho através da repetição de um único movimento. Com esta nova forma de organização das fábricas, os operários perdem o conhecimento técnico de suas profissões e acabam executando apenas aquilo que lhes foi concebido e planejado pelos superiores, tornando-os seres humanos alienados, sem a capacidade de raciocínio lógico, fazendo com que eles percam a visão global do que está sendo produzido e do que está acontecendo no mundo.
Tempos Modernos é uma crítica ao relacionamento entre as classes sociais modernas, onde há uma exploração da burguesia sobre o proletariado, onde aqueles estão mais interessados em vender, obter lucros e manter a alienação dos operários, com o objetivo de manterem o poder que possuem e o controle das massas, para que estes não tenham conhecimento dos seus direitos e lutem por eles.
O filme Tempos Modernos foi o último filme mudo da carreira de Charles Chaplin e o penúltimo em que ele atua como o personagem Carlitos, sendo o último, outro grande clássico da carreira de Chaplin, O Grande Ditador.

Título Original: Modern Times
Gênero: Comédia
País: EUA
Ano: 1936
Duração: 88 minutos
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, Henry Bergman e Tiny Sandford.




Ouvindo: Jethro Tull - A Passion Play