Atualmente, não só o jornalismo cultural, mas o jornalismo em geral, vem tendo um processo de modificação na produção das matérias, devido a necessidade do imediatismo da notícia, provocada pela popularização da internet no meio da década de 90 e o surgimento dos grandes portais de notícia. Esse imediatismo fez com que os textos ficassem mais pobres, pois o que passou a importar mais não foi a qualidade com que a matéria foi produzida, mas sim o fato de postar antes do concorrente.
Isso ocorre no âmbito da internet, entre os grandes portais de notícias, mas o impacto é sentido também no jornalismo impresso, principalmente nos jornais. Com a popularização da internet, muitas pessoas criaram o hábito de ler na tela dos monitores dos computadores. Como este tipo de leitura é cansativa e a internet é um lugar onde a maioria das pessoas não perdem muito tempo lendo, os textos deixaram de ser muito elaborados e passaram a ser mais concisos e diretos, o que, muitas vezes, faz com que a notícia ou a matéria seja feita de uma maneira muito superficial, deixando de ter uma análise crítica sobre o assunto. Mas a vantagem da internet é possibilitar uma maior interação com os leitores e proporcionar um maior debate com e entre eles, através dos comentários.
Esta compactação dos textos também causou impacto nas redações dos jornais impressos, que gradativamente passaram a reduzir também o tamanho dos textos, valorizando mais a informação do que a análise, a crítica e o debate sobre o que está sendo noticiado. Não que isso tenha deixado de existir nos jornais, mas atualmente ocorre muito menos do que acontecia à alguns anos atrás, e muitas vezes fica restrito apenas aos colunistas ou pautas de muita relevância e apelo popular. Mas isto ocorre somente nos grandes jornais como O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo entre outros, já que o que se encontra nos jornais populares são pequenas matérias e notas sobre determinada notícia e informação.
Onde se pode encontrar uma maior elaboração da matéria jornalística e, consequentemente, uma maior análise, crítica e debate de idéias sobre um determinado assunto, são nas revistas, principalmente nas especializadas, no caso da disciplina, do curso e do tema central deste trabalho, nas revistas especializadas em cultura, ou dedicadas a um tipo específico de cultura. Isto também pode ser encontrado em sites dedicados a determinados tipos de cultura, como música, artes cênicas, cinema, artes plásticas, literatura, entre outros.
Mas infelizmente, esses tipos de revistas são caras para os padrões de vida da maioria da população, além de não possuírem um apelo popular, o que, consequentemente, faz com que elas fiquem restritas a um público específico, como é o caso de revistas como a Bravo, a Cult, a Piauí, entre outras.
Segundo Daniel Piza, editor-executivo do O Estado de S. Paulo, em entrevista ao site Revista Imprensa, outro grande fator para a pouca elaboração e sofisticação, além da falta de abordagem crítica e de análise da matéria jornalística, é a preocupação dos veículos com o número de exemplares vendidos.
Para Piza, “Existe sempre a pressão por vender muito. E muita gente acha que vender muito é vender 50, 60 mil exemplares. Só que no Brasil, onde os livros vendem 2, 3 mil cópias, se uma revista vender 20 mil exemplares está bom. Existe também um negativismo muito grande nessa área. Entrei em 1991 no ‘Caderno 2’, trabalhei na ‘Ilustrada’ e ‘Gazeta Mercantil’. E só ouvi coisas negativas, do tipo "o leitor não está interessado nisso", "revista de cultura não dá certo no Brasil", "jornalismo sofisticado não dá certo". Derramam um caminhão de negativismo na cabeça dos jovens que chegam às redações. Isso é um problema sério.”
A necessidade de mercado, a preocupação em vender sempre mais a cada mês e a busca por um lucro maior sempre, faz com que, muitas vezes faz com que os donos do veículo e os editores achem que o jornalismo sofisticado, com um trabalho mais elaborado de pesquisa e texto, não irá atrair público, o que é um erro, já que grande parte dos leitores não querem apenas a notícia, mas também uma análise crítica sobre um determinado assunto, além de querer ter mais informações sobre o fato, como por exemplo, no caso do jornalismo cultural, uma contextualização histórica, uma análise da obra de um artista, a relevância dele para uma determinada cultura, a influência que ele tem de outros artistas, entre outros fatores.
De acordo com Piza, “Os jornais desestimularam a idéia de crítica. Eu vivi um tempo na Folha de S.Paulo em que eles simplesmente extinguiram os críticos. Todo mundo virou repórter. Foi uma grande bobagem. Acham que as pessoas não estão interessadas nisso. Mas elas gostam de ler bons críticos.”Os leitores sempre gostaram de ler bons críticos, bons colunistas. O público gosta de ler a opinião de pessoas com credibilidade em determinado assunto. No caso específico da cultura, ele gosta de saber o que um crítico achou de um filme, um show, um disco, uma peça de teatro, uma exposição, entre outros.
Essa idéia de sempre achar o que os leitores querem, faz com que os meios de comunicação façam algumas modificações editoriais que, muitas vezes, ao invés de atrair mais público, desagrada os leitores antigos, atrapalhando o desenvolvimento do veículo, que pode acabar perdendo leitores ao invés de ganhar, como no exemplo de Daniel Piza na citação abaixo.
Ainda segundo Piza, “É preciso saber o que o leitor quer, mas não dar a ele só isso. Tem coisas que ele nem sabe que quer. Tem que dar o blockbuster, mas também nomes novos. É preciso ser noticioso também no jornalismo de cultura e de opinião. Banalizar a revista e deixá-la demagógica ou didática pode ser um tiro no pé. O grande erro do pensamento relativo ao jornalismo cultural no Brasil é achar que é preciso simplificar ao máximo para atrair leitores. A revista Bravo, por exemplo, foi ficando cada vez mais pedestre, simplificada, didática. No fim das contas, vende menos do que já vendeu. Banalizar e apelar não garante vendagem."
Não basta para um meio de comunicação, principalmente um veículo especializado em determinado assunto, como a cultura, achar que basta colocar na publicação o que eles pensam que é o que o público quer, de forma simplificada e didática, e esperar que ela vá vender milhares de exemplares. Até porque, textos condensados e simples sobre um determinado artista ou cultura encontram-se muitos no ciberespaço.
Quando uma pessoa vai até uma banca e compra uma publicação ou faz uma assinatura, muitas vezes ela está atrás de informação que ela tem certeza que dificilmente encontrará em sites na internet. Ela quer ler textos elaborados, com uma produção analítica sobre acontecimentos artísticos e sobre artistas, ou seja, além da informação, ela quer opinião, debate de idéias e uma análise crítica de jornalistas especializados em determinada cultura.
A necessidade de mercado, a preocupação em vender sempre mais a cada mês e a busca por um lucro maior sempre, faz com que, muitas vezes faz com que os donos do veículo e os editores achem que o jornalismo sofisticado, com um trabalho mais elaborado de pesquisa e texto, não irá atrair público, o que é um erro, já que grande parte dos leitores não querem apenas a notícia, mas também uma análise crítica sobre um determinado assunto, além de querer ter mais informações sobre o fato, como por exemplo, no caso do jornalismo cultural, uma contextualização histórica, uma análise da obra de um artista, a relevância dele para uma determinada cultura, a influência que ele tem de outros artistas, entre outros fatores.
De acordo com Piza, “Os jornais desestimularam a idéia de crítica. Eu vivi um tempo na Folha de S.Paulo em que eles simplesmente extinguiram os críticos. Todo mundo virou repórter. Foi uma grande bobagem. Acham que as pessoas não estão interessadas nisso. Mas elas gostam de ler bons críticos.”Os leitores sempre gostaram de ler bons críticos, bons colunistas. O público gosta de ler a opinião de pessoas com credibilidade em determinado assunto. No caso específico da cultura, ele gosta de saber o que um crítico achou de um filme, um show, um disco, uma peça de teatro, uma exposição, entre outros.
Essa idéia de sempre achar o que os leitores querem, faz com que os meios de comunicação façam algumas modificações editoriais que, muitas vezes, ao invés de atrair mais público, desagrada os leitores antigos, atrapalhando o desenvolvimento do veículo, que pode acabar perdendo leitores ao invés de ganhar, como no exemplo de Daniel Piza na citação abaixo.
Ainda segundo Piza, “É preciso saber o que o leitor quer, mas não dar a ele só isso. Tem coisas que ele nem sabe que quer. Tem que dar o blockbuster, mas também nomes novos. É preciso ser noticioso também no jornalismo de cultura e de opinião. Banalizar a revista e deixá-la demagógica ou didática pode ser um tiro no pé. O grande erro do pensamento relativo ao jornalismo cultural no Brasil é achar que é preciso simplificar ao máximo para atrair leitores. A revista Bravo, por exemplo, foi ficando cada vez mais pedestre, simplificada, didática. No fim das contas, vende menos do que já vendeu. Banalizar e apelar não garante vendagem."
Não basta para um meio de comunicação, principalmente um veículo especializado em determinado assunto, como a cultura, achar que basta colocar na publicação o que eles pensam que é o que o público quer, de forma simplificada e didática, e esperar que ela vá vender milhares de exemplares. Até porque, textos condensados e simples sobre um determinado artista ou cultura encontram-se muitos no ciberespaço.
Quando uma pessoa vai até uma banca e compra uma publicação ou faz uma assinatura, muitas vezes ela está atrás de informação que ela tem certeza que dificilmente encontrará em sites na internet. Ela quer ler textos elaborados, com uma produção analítica sobre acontecimentos artísticos e sobre artistas, ou seja, além da informação, ela quer opinião, debate de idéias e uma análise crítica de jornalistas especializados em determinada cultura.
Para o jornalista cultural, a muitas formas de buscar esta especialização em determinado assunto e de realizar uma apuração e pesquisas para uma melhor elaboração da matéria jornalística, realizando assim uma produção noticiosa e analítica sobre um acontecimento cultural e artístico, com uma melhor qualidade de análises e críticas, além de poder proporcionar um debate de idéias. Uma destas formas é a utilização dos conhecimentos e dos estudos produzidos pela Sociologia da Arte, que é a ciência que estuda o mundo interior do artista, sua época, seus padrões e paradigmas tendo como objetivo, compreender melhor a natureza da experiência e dos fenômenos artísticos.
Segundo Nathalie Heinich, no livro A Sociologia da Arte, “Interessar-se pela arte e pela sociedade é, em relação à estética tradicional, o momento fundador da sociologia da arte. Essa preocupação, em favor do elo entre arte e sociedade, emergiu na estética e na filosofia da primeira metade do século 20, na tradição marxista e entre historiadores de arte atípicos por volta da Segunda Guerra Mundial.” (pag. 26 e 27)
Nesta citação, percebe-se que a sociologia da arte é uma ciência recente, com menos de um século de existência, e que ela tem a preocupação de estudar o elo entre a arte e a sociedade, ou seja, pesquisar sobre o impacto de determinada arte junto à sociedade; os fatores e os contextos políticos, econômicos e culturais que levaram ao surgimento de determinado movimento artístico em uma sociedade; os motivos que levaram a alguns indivíduos de uma sociedade a se interessarem por um movimento artístico específico, entre outros.
No livro A Sociologia da Arte, HEINICH divide a história da sociologia da arte em três gerações. A primeira ela chama de estética sociológica, surgiu no início do século XX e que leva em consideração o estudo da arte e a sociedade; a segunda, que ela dá o nome de história social, tem origem na década de 50 e passa a realizar estudos considerando a arte na sociedade; já a terceira geração, começou a surgir na década de 60 e ela a chama de sociologia da pesquisa, e que tem como ponto de partida, a pesquisa da arte como sociedade.
Para HEINICH, a terceira geração “trata-se da sociologia de pesquisa, que se desenvolveu graças aos métodos modernos provenientes da estatística e da etnometodologia. A França e os Estados Unidos foram seus principais centros, e a universidade não tem aqui mais do que um papel secundário. Esta terceira geração partilha com a precedente a habilidade da pesquisa empírica, aplicada não ao passado e com recurso aos arquivos, mas à época presente, com a estatística, a econometria, as entrevistas, as observações. A problemática que consideram é a arte como sociedade, isto é, o conjunto das interações dos autores, das instituições, dos objetos, evoluindo juntos de modo a fazer existir o que chamamos comumente de ‘arte’.” (pag.27 e 28)
A terceira geração de sociólogos da arte passou a ter como ponto central do estudo e da pesquisa, a arte como sociedade. A arte deixou de ser o ponto de partida do questionamento para ser o ponto de chegada ou a finalidade da pesquisa. Para estes sociólogos, o que importa é o que a arte produz e o que a leva a ser produzida.
Partindo deste ponto, pode-se dizer que a sociologia da arte tem muito a acrescentar e a enriquecer na produção de uma matéria de jornalismo cultural, que hoje em dia, em muitos casos, tem se portado como um jornalismo de serviço, apenas transmitindo informação, deixando de lado as análises das atividades culturais, deixando de ter um aspecto crítico e, consequentemente, fazendo com que não haja uma interação e debate de idéias com o público.
A sociologia da arte, a partir dos estudos que procuram analisar a arte como sociedade, tendo-a como finalidade do estudo, ajuda o jornalista a compreender melhor o que e quem produz esta arte, além de proporcionar um melhor entendimento do que ela representa para a sociedade em que ela está presente.
Referências Bibliográficas
Entrevista com Daniel Piza para o Portal Imprensa. Acessado em 11/01/11.
HEINICH, Nathalie. A Sociologia da Arte. Bauru, SP: Edusc, 2008.
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