9.20.2007

O Ato de Estudar... (Paulo Freire)

Para Paulo Freire, a bibliografia deve atender ou despertar o desejo de aprofundar os conhecimentos naqueles a quem se oferece determinada obra. Se ela não corresponder essas expectativas, se ela não conseguir desafiar o leitor, a intenção fundamental da bibliografia se torna uma frustração, permanecendo como um papel inútil, perdido no meio de tantos outros dentro de uma gaveta ou escritório.
As intenções da elaboração de uma bibliografia devem respeitar a três partes: a quem se dirige a bibliografia, aos autores citados e a ele mesmo responsável pela criação, pois sugestão de leitura deve ter como preocupação fundamental, saber o quê e o por quê de sugerir determinado livro.
O Estudante deve ser disciplinado intelectualmente, deve ter uma posição crítica e sistemática, e isso só se conquista praticando. O que não é estimulado pela educação “bancária”, que tira dos educandos a curiosidade, o espírito investigador e a criatividade. Tirando deles o senso indispensável de crítica e compreensão quando da leitura de um texto, tornando-a mecânica e exclusivamente de memorização.
O ato de estudar é uma atitude frente ao mundo, nele, o estudante deve assumir o papel de sujeito e deve ter humildade face ao saber, buscando primeiro a compreensão sobre o assunto, para depois obter um posicionamento crítico sobre o que foi estudado. Este ato de estudar, desenvolvido como um exercício de reflexão crítica, exige do sujeito uma reflexão sobre o próprio significado de estudar.
Segundo Paulo Freire, o ato de ler só se realiza mediante um espaço de relação dialógica com o autor, cujo mediador é o tema. Com isso, a leitura exige bastante concentração, exigindo um distanciamento das coisas externas e uma reflexão sobre o que se está lendo. Só podendo ser realizado através de procedimentos como: análise, síntese, interpretação e juízo crítico.
Até alcançarmos a exata compreensão de uma mensagem presente em um texto, passamos por um lento processo intelectual, que esbarra em obstáculos pessoais e culturais. É preciso um espaço de tempo, que varia para cada tipo de pessoa, para que possamos decodificar e assimilar o que está sendo passado pelo texto. Com isso, para descobrirmos a mensagem de um texto de modo abrangente, devemos seguir algumas disciplinas de trabalho: delimitar a unidade de leitura, que pode ser um capítulo, seção ou parágrafo; e ler repetidas vezes o mesmo texto; tudo isso para obter a compreensão verdadeira do assunto em pauta.
Para o desenvolvimento de uma boa leitura por parte do estudante, Paulo Freire divide a leitura em quatro partes: a primeira é a leitura exploratória, que consiste em observar a diretriz do pensamento do autor e dividir texto em três grandes partes, que são a introdução, desenvolvimento e conclusão, visualizando o texto de forma global.
A segunda parte é a da leitura analítica, que consiste na relação dialógica do leitor com o autor do texto, é a fase de analisar os temas tratados no texto. Esses temas são os mediadores entre autor e texto do qual fala Paulo Freire.
Sublinhar o texto é importante para mostrar a idéia central e as idéias secundárias do texto. Esse trabalho é importante para esta parte da leitura, porque ajuda a subdividir o texto e refazer toda a linha de raciocínio do autor. A leitura analítica serve de base para a elaboração do resumo ou síntese do livro.
A terceira parte é a leitura interpretativa, que consiste na compreensão do texto, que se firma através da capacidade de assimilação e pensamento crítico do texto. Isso serve para nos auxiliar no desenvolvimento da nossa posição perante o que está sedo lido.
Este é um momento de aplicar o senso crítico, onde deve haver uma ponderação e consciência entre os pressupostos do autor e dos estudantes. Se não houver essa distinção, provavelmente haverá interferência na compreensão dos fundamentos básicos da mensagem. Essa autocrítica permite que os leitores percebam os limites da interpretação e possibilita também uma melhor análise sobre os argumentos do autor.
A quarta parte é a Problematização, que consiste em um levantamento dos problemas existentes no texto, para a obtenção da certeza da compreensão do texto. Isso possibilita também o levantamento de elementos para a reflexão pessoal e o debate em grupo.
O ato de criticar é um juízo que deve ser feito a partir do conhecimento da matéria que será analisada. A análise é um processo de um todo em partes, é uma divisão que parte de um dado singular para chegar aos princípios gerais. A síntese é um processo de composição dos elementos visando chegar a uma totalidade, e também é um método que parte de um todo e estabelece ordens entre os elementos, para chegar às últimas conseqüências.
A análise muitas vezes se opõe à síntese, mas em geral caminham juntas, pois uma completa a outra. A análise, se for utilizada sozinha, pode perder a visão de conjunto, enquanto que a síntese, empregada só, alcançará o nível de interpretação arbitrária.
"Se o pensar não se identifica ao raciocinar porque sua extensão é mais ampla, todavia é impossível pensar sem se usar os procedimentos da razão. E só deste modo se pode argumentar, demonstrar e, conseqüentemente, criticar. "
Texto baseado no Artigo O Ato de Estudar... feito por um dos maiores pensadores da educação brasileira e mundial - Paulo Freire
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Ouvindo: Bad Religion - New Maps From Hell (2007)

Um comentário:

Anônimo disse...

necessario verificar:)