Dia 27 de março de 2010 será um dia inesquecível para muitos fãs de rock do Rio de Janeiro e para os Raimundos. Há muitos anos que o público carioca não via a banda em uma apresentação tão empolgante e com casa cheia como esse. Talvez desde o primeiro show com o Digão nos vocais, no Canecão, na turnê do disco Éramos Quatro, em 2001.

Mas é impossível negar que esse show no Rio de Janeiro não tenha transmitido certa sensação de retorno, até mesmo para os fãs que nunca deixaram de acompanhar o grupo nesses últimos anos. Afinal, desde o início deste ano eles estão divulgando diversos projetos, como a realização de alguns shows com um novo vocalista, Tico Santa Cruz, dos Detonautas; o interesse na gravação de um novo DVD ao vivo e um provável disco de inéditas em 2011. Além disso, eles tem voltado a aparecer na televisão com mais freqüência, em programas como Rock Estrada da Multishow e Big Brother Brasil da Rede Globo; e voltaram a tocar em grandes casas de shows, como o Vivo Rio e HSBC Brasil, em São Paulo.

Antes mesmo de a casa abrir as portas, dava para perceber que os Raimundos iriam entrar no palco com o jogo ganho. Uma grande fila se formava em frente ao Vivo Rio, com muitos fãs usando antigas camisas do grupo, que já não são mais tão fáceis de encontrar em lojas de rock. Dava para sentir um grande clima de expectativa e ansiedade para o começo do show dos brasilienses. Além da curiosidade em ver e ouvir como soaria os Raimundos com Tico Santa Cruz nos vocais.
Já dentro da casa de shows, o público chamava há todos os instantes pela banda, gritando: “Raimundos, Raimundos...”. Quando as luzes finalmente se apagaram e as cortinas se abriram, muitos não acreditaram quando viram o baterista Fred em pé atrás da bateria, afinal ele não faz mais parte da banda. Uma possível participação dele havia sido anunciada, mas era difícil acreditar que faria todo o show.

Digão começou cantando as primeiras estrofes para logo em seguida Tico entrar e conquistar o público logo de cara, demonstrando uma boa presença de palco e um estilo de cantar que se encaixou muito bem com o grupo, além de mostrar competência em uma das músicas dos Raimundos mais difíceis de cantar ao vivo.

O guitarrista Marquinho era o mais comedido quanto a interação com o público, mas exerce papel fundamental no Raimundos atual, pois é muito bom guitarrista. Canisso também não costuma ser muito interativo, mas de vez em quando faz algumas brincadeiras, como no momento da apresentação dos músicos ou quando o Fred errou o início de uma das músicas. Digão e Tico eram os que mais se comunicavam com a platéia, mas poucos foram os momentos de interação da banda com o público, que optou em executar as músicas em seqüência, com pouco falatório.

Mas todo esse momento mais lento foi compensado com a seqüência matadora que encerrou o show: Tora Tora, Eu Quero Ver o Oco e Puteiro em João Pessoa, talvez as três canções que mais caracterizam os Raimundos: letras sacanas e debochadas e músicas com uma pegada pesada e rápida. Um final matador para um show apoteótico que marcou o reencontro dos Raimundos com o público carioca. De lavar a alma.

Sei que são questões um pouco precipitadas, que o momento é de comemorar este “retorno” e esta nova fase dos Raimundos, mas são questões que devem passar pela cabeça de muitos fãs.
- SET LIST
1. BAILE FUNKY
2. ESPORREI NA MANIVELA
3. HERBOCINÉTICA 4. RAPANTE
5. OPA, PERAÍ CACETA!
6. POMPÉM
7. NEGA JUREMA
8. O PÃO DA MINHA PRIMA
9. SEREIA DA PEDREIRA 10. PINTANDO NO KOMBÃO
11. BE A BÁ
12. MULHER DE FASES
13. PALHAS DO COQUEIRO
14. MATO VÉIO
15. ME LAMBE
16. REGGAE DO MANERO
17. AQUELA
18. BONITA
19. I SAW YOU SAYING
20. A MAIS PEDIDA
21. TORA TORA
22. EU QUERO VER O OCO
23. PUTEIRO EM JOÃO PESSOA
Crédito das fotos: Retiradas do twitter do Marquim, guitarrista dos Raimundos.
http://www.twitpic.com/photos/marquimraimundo
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Ouvindo: Jethro Tull - Thick as a Brick (1972)
Clássico da ópera rock progressiva setentista. Com apenas uma música de 43m:28s.
A obra foi escrita em torno de um poema escrito por um garoto fictício, de 8 anos, chamado Gerald Bostock, também conhecido como "Little Milton", que nada mais era do que o alterego de Anderson. O poema reflete sobre a evolução criança-adulto e sobre os fatos que qualquer pessoa comum enfrenta desde o nascimento até a morte, como: escola, namoro, trabalho, casamento, velhice, entre outros.
A arte original do LP, lançado em 1972, vinha com jornal de verdade, com 12 páginas e com os conteúdos tradicionais de um periódico, só que com histórias ligadas a obra, que revelam muitos detalhes que não estão incluídos no poema.
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