11.11.2010

Jello Biafra and The Guantanamo School of Medicine – Teatro Odisséia - 09/11/2010

Não é todo dia que uma lenda do punk rock toca em sua cidade. E para paulistas e cariocas isto aconteceu neste início de novembro com os shows de Jello Biafra, ex-vocalista do Dead Kennedys, proprietário do selo Alternative Tentacles e grande ativista político. Acompanhando o músico, sua mais nova banda, a The Guantanamo School of Medicine, que formou em 2008 e lançou em 2009 o elogiado disco “The Audacity of Hype”. Em São Paulo os shows ocorreram nos dias 5 e 6 e no Rio de Janeiro, no dia 9. Dias históricos, que ficarão na mente das pessoas que estiveram presentes nas apresentações.
Contudo, está não foi a primeira vez que Jello Biafra passou pelo Brasil. Em 1992, ele esteve presente no Rio de Janeiro para a ECO 92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que reuniu as principais figuras políticas da época. Jello Biafra esteve na cidade para fazer protestos contra o evento, mas acabou tocando algumas músicas no Circo Voador com alguns integrantes do Ratos de Porão, Sepultura e Ministry, além de ter participado também de um show do grupo francês Mano Negra, na Praça dos Arcos da Lapa. Na época o grupo estava realizando uma turnê pela América Latina e tinha como um dos seus principais integrantes o vocalista e guitarrista Manu Chao.
Mas voltando a 2010, na noite de terça-feira, 9 de novembro, no Teatro Odisséia o clima entre os presentes era de ansiedade e felicidade. Mas antes da grande atração da noite, teve-se a apresentação de duas bandas cariocas Priest of Death e Os Estudantes.
A primeira a subir no palco foi a Priest of Death, que começou a apresentação com um público ainda pequeno. Mesmo com um som mais voltado para o trash metal, destoando um pouco do clima hardcore da noite, o grupo agradou boa parte dos presentes, executando músicas do mais recente trabalho deles, o EP “Soluções Violentas”.
Com a casa já mais cheia, veio em seguida Os Estudantes, que foram capa do mais famoso fanzine punk do mundo, o Maximum Rock n Roll, na edição 327, lançada em agosto de 2010. Com um som fortemente influenciado pelas bandas de hardcore norte-americanas da década de 80, agradaram em cheio ao público, que já insinuava algumas rodas de pogo em frente ao palco. Destaque para a grande presença de palco do vocalista Vitão, que agita o tempo todo, pulando, rolando no chão e berrando as músicas como se fosse o último show de sua vida. O grupo teve o privilégio de ter como espectador o Jello Biafra, que curtiu o show do mezanino.
Após o show dos Estudantes, o clima de ansiedade aumentou entre os presentes e casa lotou de vez, atingindo um público estimado de 800 pessoas. Com clássicos punks saindo dos PA´s, rodas de pogo já começavam a se formar e muitos cantavam junto as músicas, enquanto alguns integrantes do grupo e o roadie começavam a prepara o palco e os instrumentos para a grande festa punk que iria começar.
Às 23 horas as luzes do Teatro Odisséia se apagam, os músicos começam a entrar no palco e a pegar seus instrumentos. Quando os primeiros acordes de “The Terror of Tinytown” começam a ser executados Jello Biafra sobe ao palco vestido de médico, com uma camisa branca e as luvas sujas de sangue. O público vai ao delírio, rodas de pogo começam, stage dives insanos e o caos empolgante, que só encontramos nos shows de punk / hardcore, têm seu início e vai assim até o final. Só sendo interrompido entre uma canção e outra, quando Jello Biafra entoa seus discursos políticos de extrema esquerda, principalmente contra os EUA e as grandes corporações.
Na sequência vieram mais três músicas do disco de Jello Biafra com a Escola de Medicina de Guantanamo, que são: “Clean as a Thistle”, “New Feudalism” e “Electronic Plantation”, que mantêm o alto nível de agitação do público. Mas é com a clássica música do Dead Kennedys, “California Über Alles”, que veio logo na sequência, que a casa vem abaixo, com uma roda gigante e a galera cantando a plenos pulmões toda a letra que é uma critica ao antigo governador da Califórnia, Jerry Brown, durante os anos de 1975 a 1983.
Ao final de “California Über Alles”, o público começou a pedir “Police Truck”, outro clássico dos Dead Kennedys, mas Jello Biafra avisa que adora as canções antigas, mas que ainda sabe fazer boas letras e boas músicas, dando início a “Panic Land”, outra do disco “The Audacity of Hype”. Depois dessa sequência inicial matadora, Jello Biafra já está sem a camisa branca e as luvas de médico, usando agora outra camisa que estava por baixo, com os dizeres: “Democracy, We Delivery”.
Nesta primeira parte do show ainda tivemos “Let`s Lynch the Landlord”, outra grande música dos Dead Kennedys, “Three Strikes”, “Strenght Thru Shopping”, “Don`t Com Monte Carlo”, encerrando com “Pet`s Eat Their Master”, uma das melhores do último disco, que teve todas as nove músicas incluídas no set list.
A banda ainda voltaria para mais três bis, com duas músicas em cada e em que os principais destaques foram “Holiday in Cambodia”, em que um fã pulou do mezanino direto no meio da roda e Jello Biafra arriscou alguns stage dives, mostrando estar em forma aos 52 anos; e “To Drunk to Fuck”, em que, no seu tradicional discurso antes das músicas, disse que: “nada aconteceu depois desse encontro de políticos, porque eles estão sempre bêbados demais”. Estas duas músicas contribuíram para aumentar ainda mais o caos insano que se tornou o Teatro Odisséia durante o show.
A última música deste grande espetáculo de punk / hardcore, em plena terça-feira, foi “I Won`t Give Up”, que Jello Biafra dedicou a Renato Russo, amigo que lhe hospedou durante a primeira passagem pelo país em 1992. Durante esta música Jello Biafra voltou a arriscar alguns stage dives e ao final, após quase duas horas de show, agradeceu muito ao público do Rio de Janeiro, que retribuiu com diversos aplausos, felizes e gratos por terem presenciado um dos melhores shows do ano e das próprias vidas.

Set List:
1- The Terror of Tinytown
2- Clean as a Thistle
3- New Feudalism
4- Electronic Plantation
5- California Über Alles (Dead Kennedys)
6- Panic Land
7- Let’s Lynch the Landlord (Dead Kennedys)
8- Three Strikes
9- Strength Thru Shopping
10- Dot Com Monte Carlo
11- Pets Eat Their Master

Bis
12- The Cells That Will Not Die
13- Holiday in Cambodja (Dead Kennedys)

Bis
15- Too Drunk to Fuck (Dead Kennedys)
16- Bleed for Me (Dead Kennedys)

Bis
17- Moon Over Marin (Dead Kennedys)
18- I Won’t Give Up

Fotos: Rodrigo Esper (Publicadas no site - Rock em Geral)

Um comentário:

Bolinho disse...

Belo texto brother, lindo show!