11.01.2010

Zander - Brasa (2010)

Uma das principais críticas que são feitas ao trabalho de Gabriel Zander como músico são as de que suas bandas são muito parecidas com o Noção de Nada, grupo que liderou por mais de uma década e que encerrou as atividades em agosto de 2007.
Realmente é difícil não se lembrar do Noção de Nada quando se houve o primeiro full-lenght do grupo Zander, já que as letras de Gabriel são caracterizadas por temas pessoais e ele foi e é, respectivamente, o principal compositor das duas bandas. Outro ponto similar, e que é inevitável não associar, é o vocal de Gabriel, que é forte e bem peculiar, apesar de estar menos rouco do que em outros registros; além da sonoridade continuar sendo influenciada, principalmente, pelo hardcore.
Mas deixemos as comparações de lado, porque o Noção de Nada já não existe mais e o Zander já tem três anos de estrada, dois bons EP`s (Em Construção de 2008 e Já Faz Algum Tempo de 2009), uma carreira crescente no rock independente nacional e o lançamento de um dos melhores discos de 2010, Brasa, que traz onze faixas gravadas no estúdio Superfuzz, no Rio de Janeiro e que foi lançado pelo selo Manifesto Discos, os dois de propriedade dos integrantes da banda.
O disco abre com uma pequena vinheta, uma antiga marchinha de carnaval em que são cantados os seguintes versos: “Seu delegado venha ver que confusão / estão mandando brasa no meio do salão”. Na sequência, uma batida forte de bateria e riffs de guitarra marcantes dão início a uma das melhores músicas do disco “Auto Falantes”. E logo de cara eles já mostram que o negócio aqui é rock pesado, tanto na sonoridade quanto nas letras, pedindo para o ouvinte em um dos versos “Põe no máximo até distorcer / quando for possível me ouvir dizer”; para em seguida expor o objetivo de suas letras “Eu não prometo nada / nem estou aqui para dizer o que se deve fazer / Apenas mostro os cortes pra não perder o foco e a direção”.
A segunda música é “Terreiro”, que tem alguns momentos com um instrumental mais cadenciado e outros de mais peso e velocidade. Na sequência vem a primeira música sobre estar na estrada, “Linha Vermelha”. A letra começa como se fosse um diálogo com os fãs, contendo agradecimentos por acreditarem no grupo, por pedirem shows e “evitar o fim”. Levada hardcore, simples, pesada e rápida. Mas a melhor sobre este tema é “Até a Próxima Parada”, quinta faixa do disco e que começa com Gabriel cantando “Estamos de partida e nunca é fácil de dizer: ‘Até a próxima, foi bom te ver!’”, só com guitarra e vocal. Fala das dificuldades e alegrias que uma banda independente encontra durante as turnês.
Entre estas duas, temos a faixa “Todos os Dias”, mais uma das que se destacam no álbum, com uma das melhores letras e arranjos instrumentais. “Motim” é a sexta faixa e traz uma sonoridade forte, introdução com um interessante solo de guitarra, uma levada reggae próxima do final e uma letra contestadora e contra o sistema.
“Meia Noite” vem na seqüência. Tem uma levada post-hardcore, fala sobre relacionamento e tem uma sonoridade que alterna momentos mais cadenciados e outros com guitarras mais pesadas. A melhor do disco. “Humaitá” é um hardcore veloz e pesado, com uma quebrada no meio antes dos versos finais e “Simples Assim” tem uma introdução interessante só com a guitarra e possui algumas melodias mais radiofônicas.
As duas últimas faixas são a bela balada “Sunglasses”, a primeira música do Zander em inglês, e a hardcore “Sem Fim”, que tem no final uma passagem instrumental muito interessante, parecendo uma pequena jam session. Para encerrar o disco, mais um pequeno trecho da marchinha de carnaval que abriu o disco.
Brasa é mais um dos grandes lançamentos nacionais do ano. Com o Zander executando um hardcore de qualidade, com intensidade e sinceridade, características difíceis de encontrar hoje na música. Não baixe apenas as músicas da internet. Vale a pena adquirir o disco pela qualidade das músicas e pela arte gráfica, bem caprichada, que traz uma bela capa e um bonito encarte.

Para baixar o disco Brasa e os EP´s Em Construção e Já Faz Algum Tempo, acesse a página do Zander no site Trama Virtual:
http://tramavirtual.uol.com.br/artistas/zander

Track List:
1. Auto Falantes
2. Terreiro
3. Linha Vermelha
4. Todos Os Dias
5. Até a Próxima Parada
6. Motim
7. Meia Noite
8. Humaitá
9. Simples Assim
10. Sunglasses
11. Sem Fim

As cinco melhores:
1 - Meia Noite
2 - Auto Falantes
3 - Sunglasses
4 - Até a Próxima Parada
5 - Todos os Dias

Um comentário:

ka sayuri disse...

Belo post. Bela banda.