12.21.2011

Motorhead - 35 Anos

Em comemoração aos 35 anos de estrada, o Motorhead lançou o DVD “The World Is Ours Vol 1 - Everything Further Than Everyplace Else”, com imagens de shows no Chile (Santiago), Estados Unidos (Nova York) e Inglaterra (Manchester).
O DVD foi lançado no dia 14 de novembro na Europa e EUA pela EMI, e chegou essa semana as lojas de todo o Brasil também pela EMI.  “The Wörld Is Ours Vol 1 - Everything Further Than Everyplace Else” é um DVD intenso contendo alguns dos melhores momentos da turnê da banda, incluindo o show completo realizado no Teatro Caupolican no Chile, além de performances em Nova Iorque, no Best Buy Theater e em Manchester, no Apollo.
The Wörld Is Ours Vol 1 - Everything Further Than Everyplace Else” foi filmado por Banger Films e Sam Dunn (Iron Maiden: “Flight 666”, Rush: “Beyond the Lighted Stage”), mixado pelo produtor de longa data da banda, Cameron Webb. O DVD traz grandes clássicos do Motörhead, como “Overkill” e “Ace of Spades”, e participações da vocalista Doro e dos guitarristas Todd Youth e Michel Monroe.

Santiago, Chile (90 minutos) + entrevista (9 minutos)
01. We Are Motörhead
02. Stay Clean
03. Get Back In Line
04. Metropolis
05. Over the Top
06. One Night Stand
07. Rock Out
08. The Thousand Names of God
09. I Got Mine
10. I Know How to Die
11. The Chase Is Better Than the Catch
12. In the Name of Tragedy
13. Just 'Cos You Got the Power
14. Going to Brazil
15. Killed by Death
16. Ace of Spades
17. Overkill

Nova York (20 minutos) + entrevista (23 minutos)
01. Rock Out
02. TheThousand Names of God
03. Killed By Death (com Doro e Todd Youth)

Manchester (25 minutos) + entrevista (12 minutos)
01. We Are Motörhead
02. Stay Clean
03. Be My Baby
04. Get Back In Line
05. I Know How to Die
06. Born to Raise Hell (com Michael Monroe)


7.05.2011

Roger Waters: Turnê "The Wall Live" no Brasil



ROGER WATERS SEGUE COM A TURNÊ MUNDIAL DE THE WALL E CHEGA À AMÉRICA DO SUL EM 2012

Na última sexta-feira, dia 1º de julho, os fãs sul-americanos de rock tiveram a confirmação da passagem de um dos mais ambiciosos, complexos e maiores espetáculos já feitos na história da música contemporânea. O músico Roger Waters, um dos fundadores e principal compositor de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, o Pink Floyd, trará ao continente a turnê “The Wall Live”, que passará por Argentina e Brasil durante o mês de março de 2012.
No Brasil, os shows estão marcados para os dias 17 de março no Estádio do Beira-Rio, em Porto Alegre e 22 e 23 no Estádio do Morumbi em São Paulo e encerra a tour no dia 25 no Estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro. Mas antes de desembarcar no Brasil, Roger Waters realizará dois shows na Argentina, no Estádio Monumental Antonio Vespúcio Liberti, em Buenos Aires, nos dias 7 e 9 de março.
A parte sul-americana será a quarta perna da turnê “The Wall Live” que, quando chegar ao continente, estará em sua reta final, tendo passado por 26 países e um total de 127 shows em 11 meses de tour, que teve início no dia 15 de setembro de 2010 em Toronto, no Canadá. 
A produção ao ar livre de “The Wall” na América do Sul será em uma escala nunca antes vista pelo público. Pela primeira vez em toda a turnê, os shows acontecerão em estádios. Waters desenvolveu também imagens dinâmicas para ilustrar a história e as canções, tudo isso com um muro com mais de 137 metros de largura, que forma um telão.
Escrito e produzido por Roger Waters e lançado como disco duplo no dia 30 de novembro de 1979, “The Wall” foi apresentado pela primeira vez ao vivo pelo Pink Floyd em 1980, no dia 7 de fevereiro, em Los Angeles, na Califórnia, no Memorial Sports Arena. Devido a grande complexidade de reprodução ao vivo da obra, que exigia uma superprodução para época que, além de conter os  mais diversos tipos de pirotecnia presentes nos principais concertos de rock em estádios, ainda incluía a construção e destruição de um muro na frente do palco durante o show. Com toda dificuldade de logísitica de transporte e construção do palco e com a banda quase falida devido a investimentos financeiros equivocados do empresário do grupo Norton Warburg, durante os anos de 1973 e 1977, o Pink Floyd teve que realizar pequenas tempordas em algumas cidades.
A “The Wall Tour”, realizada entre os anos de 1980 e 1981, foi a maior do Pink Floyd em termos de estrutura e a menor em se tratando de datas. Foram apenas duas pernas, a primeira americana e a segunda européia. Nos EUA foram duas temporadas durante o mês de fevereiro, uma no já citado Memorial Sports Arena, em Los Angeles, durante os dias 7 e 13, com um total de 7 shows e a última no Nassau Coliseum, em Uniondale, em Nova York, com 5 shows durante os dias 24 e 28.
Na Europa foram três temporadas durante os anos de 1980 e 1981, passando por duas cidades, Londres, na Inglaterra e Dortmund, na Alemanha Ocidental. As duas temporadas em Londres foram no Earls Court Arena. A primeira foi durante os dias 4 e 9 de agosto de 1980, com cinco shows e a segunda entre os dias 13 e 17 de junho, com mais cinco shows. Já a temporada em Dortmund foi entre as duas inglesas e aconteceu durante os dias 13 e 20 de fevereiro de 1981, com a realização de oito shows. 
No total, a “The Wall Tour” teve apenas 31 shows e passou por quarto cidades. Esta turnê foi à última do Pink Floyd com a formação clássica da banda. Mesmo tendo saído do grupo oficialmente durante as sessões de gravação do disco “The Wall”, por desentendimentos com Roger Waters, à época o líder criativo da banda, Richard Wright participou da turnê de divulgação do álbum como músico convidado. 
Um dos momentos mais emocionantes da atual turnê é o intervalo entre os sets, intitulado de “Fallen Loved Ones”, onde fotografias e histórias de pessoas que perderam suas vidas em guerras, incluindo o pai de Roger Waters, Eric Fletcher Waters, são apresentadas no telão, em uma homenagem e também um protesto contra os combates militares ao redor do mundo. Entre os homenageados está o brasileiro Jean Charles de Menezes, morto no metrô de Londres em 2005.
A turnê norte-americana de “The Wall” em 2010 foi a mais lucrativa em arenas fechadas em todos os Estados Unidos no ano passado, tendo arrecadado 89,5 milhões de dólares em 56 shows, sendo sete esgotados em Nova York e cinco em Los Angeles. A perna européia da turnê também foi tão bem sucedida quanto à americana, com 64 shows já realizados este ano, em apresentações esgotadas como os seis shows na O2 Arena, em Londres, onde a performance contou com a presença dos ex-membros David Gilmour e Nick Mason.
Antes da atual turnê, “The Wall Live”, o disco havia sido executado na íntegra no show que Roger Waters realizou em Berlim, no dia 21 de julho de 1990, onde Roger Waters celebrou a queda do muro de Berlim em uma performance que atraiu quase meio milhão de fãs à Potsdamer Platz, importante praça e intersecção de tráfego no centro de Berlim e que foi dividia pelo muro construído em 1961 e que também separava a Alemanha em Oriental e Ocidental.
“The Wall Live” recebeu dois prêmios da prestigiada “Pollstar Music Industry Awards”, em Los Angeles, nas categorias “Maior Turnê de 2010” e “Produção de Palco Mais Criativa”.
O álbum "The Wall" foi álbum mais vendido em 1980 e ainda está entre os cinco discos mais vendidos de todos os tempos nos EUA. Em 1982 foi lançado o filme “Pink Floyd The Wall”, dirigido por Alan Parker e com roteiro de Roger Waters. Em 2003 os leitores da revista “Rolling Stone” elegeram os 500 álbuns mais importantes da história da música e The Wall ficou na 87ª posição.
 









Fotos dos shows realizados na turnê "The Wall Live" 2010 e 2011
Se quiser saber sobre a estória da obra "The Wall", leia nos seguintes blogs:  

6.28.2011

Iron Maiden: The Final Frontier é disco de platina no Brasil

The Final Frontier, o décimo quinto e mais recente álbum de estúdio do IRON MAIDEN, atingiu a marca de 40 mil cópias vendidas no Brasil, o que corresponde a um disco de platina. O disco foi lançado mundialmente no dia 13 de agosto de 2010.
O Iron Maiden tem mais de 85 milhões de álbuns vendidos no mundo. No Brasil, The Final Frontier foi o álbum mais vendido do país durante as duas primeiras semanas do lançamento, além de atingir também o primeiro lugar em outros 28 países.
Este ano, durante o final de março e início de abril, o Brasil esteve na rota da turnê mundial de promoção do disco The Final Frontier. O Iron Maiden voou mais uma vez no avião da banda, o Ed Force One, pilotado pelo cantor Bruce Dickinson, e passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Recife e Curitiba. O grupo apresentou as novas canções e não decepcionou os fãs, tocando também os clássicos dos 30 anos de carreira.
Em junho de 2011, o grupo colocou nas lojas a coletânea dupla "From Fear to Eternity", cujo repertório é baseado nos oito últimos álbuns de estúdio da banda, lançados entre 1990 e 2010. Up the Irons!

6.13.2011

Ian Anderson - Walk Into Light (1983)

"Walk Into Light", primeiro disco solo de Ian Anderson, vocalista, flautista e líder de uma das bandas pioneiras do rock progressivo, o Jethro Tull, chegou às lojas de disco brasileiras neste início de mês de junho em versão remasterizada. 
O disco foi originalmente lançado em 1983 e era para ter sido o segundo disco solo de Ian Anderson. No verão de 1980 ele formou um grupo com o guitarrista do Jethro Tull, Martin Barre, e os seguintes músicos: Dave Pegg (Fairport Convention) no baixo, Mark Craney na bateria e um convidado especial, o tecladista e violinista Eddie Jobson (ex-Roxy Music, UK, Frank Zappa e Curved Air).
Com este grupo, Ian Anderson tinha como objetivo entrar nos estúdios Maison Rouge Mobile e Maison Rouge Studios em Fulham, região sul da cidade de Londres, para registrar um disco solo com uma sonoridade diferente da que ele fazia com sua banda original.
Após a gravação do disco, a gravadora Chrysalis Records convenceu Ian Anderson de lançar o disco, que teve o título de "A" de Anderson, como um registro do Jethro Tull, para ajudar o selo a retomar as boas vendagens.
Com isso, no final do mês de agosto de 1980 chegava as lojas "A" 0 13º disco de estúdio do Jethro Tull e o tal álbum que deveria ter sido o primeiro solo de Ian Anderson.
Com uma sonoridade mais eletrônica, produzida pelos sintetizadores de Eddie Jobson, "A" não agradou a grande parte dos fãs da banda, que estavam mais acostumados com o som mais folk e progressivo que o grupo produziu no final da década de 60 e durante a década de 70. 
Em 1983, junto com o tecladista do Jethro Tull na época, Peter-John Vettese, entrou novamente em estúdio para a produção de mais um disco solo. Desta vez, Anderson, além de sua tradicional flauta, tocou também baixo e guitarra. Em novembro daquele ano chegaria finalmente as lojas o primeiro disco solo de Ian Anderson, "Walk Into Light", via Chrysalis Records. O álbum apresenta 10 faixas e uma sonoridade eletrônica, desta vez produzida pelos sintetizadores de Peter-John Vettese.
"Walk Into Light" chega às lojas neste início de junho via EMI, que comprou a Chrysalis Records em 2001, possuindo assim os direitos sobre todo o catálogo da antiga casa de bandas como: Jethro Tull, Gentle Giant, Procol Harum, Ten Years After, entre outros.

Confira o repertório completo de "Walk Into Light": 

01. Fly by Night - 3:55
02. Made in England - 5:00
03. Walk into Light - 3:11
04. Trains - 3:21
05. End Game - 3:20
06. Black and White Television - 3:37
07. Toad in the Hole - 3:24
08. Looking for Eden - 3:43
09. User-Friendly - 4:03
10. Different Germany - 5:24

5.10.2011

Pink Floyd: Discos em Edições Remasterizadas

O Pink Floyd e a EMI Music, parceiras desde 1967, quando o grupo lançou o primeiro disco, "The Piper at the Gates of Dawn" , anunciaram uma grande agenda de lançamentos para este ano de 2011. O projeto terá início no dia 26 de Setembro e incluirá CDs, DVDs, Blu-rays, SACD, uma gama de formatos digitais, Apps para Iphone e uma nova coletânea, intitulada Best Of: A Foot in the Door, que trará uma versão em 5.1 de ‘Wish You are Here’.
No início deste ano, os músicos fizeram um novo contrato com a EMI, redefinindo os termos legais de comercialização da obra do grupo, nestes novos tempos de downloads de músicas individuais. O Pink Floyd sempre foi contra este tipo de distribuição de suas músicas, por acreditar que os álbuns que lançaram possuem uma coesão entre as faixas, fazendo com que as mesmas percam a identidade fora da obra.
Estes lançamentos serão divididos em três pacotes. O primeiro e mais simples de todos será o “Discovery”, que trará toda a discografia de estúdio do Pink Floyd remasterizada. Os 14 discos poderão ser adquiridos separadamente ou em um Box intitulado “Discovery Boxset”.

O segundo pacote é o “Experience Editions”, que trará versões deluxe dos clássicos Dark Side of the Moon, Wish You Were Here e The Wall. Esta versão trará, além dos discos remasterizados, um cd com material adicional e um encarte com diversas páginas coloridas e fotos inéditas da banda.
E por último a atração principal destes relançamentos. Estes três clássicos citados a cima serão lançados também em boxsets super-deluxe individualizados chamados de “Immersion Edition”, que fará com que os colecionadores do Pink Floyd economizem uma grana forte para adquiri-lo. Este Box terá 29 cm de altura e contará com diversos discos com takes alternativos das músicas, faixas inéditas, filmes restaurados exibidos durante os shows, encarte ilustrado e com novas artes, itens de memorabília, além dos discos remasterizados.
Até o momento, os principais materiais de bônus que estarão disponíveis são: gravação do lendário show ao vivo do “The Dark Side Of The Moon” no estádio Wembley, em 1974; uma versão ao vivo de  20 minutos de ‘Shine On You Crazy Diamond’, executada durante esta apresentação de 1974; além de uma gravação original de ‘Wish You Were Here’ com a participação especial do lendário violonista de jazz, Stephane Grappelli.

Os principais responsáveis por este projeto intitulado “Why Pink Floyd…?” são: Storm Thorgerson, diretor de arte da banda por muitos anos, supervisionou a parte gráfica, incluindo novos livretos para todos os CDs, nova arte para os boxsets e menus dos DVDs. O fotógrafo Jill Furmanovsky, que editou o livro original com fotos inéditas da banda. Os colaboradores do Pink Floyd, James Guthrie (nos EUA) e Andy Jackson (no Reino Unido), responsáveis pela remasterização digital sob os mais altos padrões de áudio e audiovisual; além de Lana Topham, responsável por arquivar os filmes do Pink Floyd, supervisionar a restauração meticulosa de muitos filmes históricos da era clássica do grupo, incluídos nos boxsets “Immersion” de “The Dark Side Of The Moon” e de “Wish You Were Here”.
No dia 26 de Setembro de 2011, a versão de luxo de “The Dark Side Of The Moon” com 6 discos no “Immersion Edition” e  2 discos na “Experience Edition”. Também haverá uma versão em vinil especial para colecionador e vários formatos digitais. Também nesta data serão lançados os 14 álbuns de estúdio remasterizados digitalmente, que estarão disponíveis separadamente ou em um boxset.
No mês seguinte, no dia 7 de novembro de 2011, a segunda fase do processo incluirá outros dois lançamentos: as versões “Immersion Edition” com 5 discos e “Experience Edition” com 2 discos de “Wish You Were Here”.  Ambas trarão como material de bônus a versão ao vivo de  20 minutos de ‘Shine On You Crazy Diamond’ e a gravação original de ‘Wish You Were Here’, citadas anteriormente. Nesta data também estará disponível um vinil para colecionadores do disco, assim como em diversos formatos digitais.
Ainda no dia 7 de novembro chegará às lojas a coletânea “A Foot In The Door - The Best Of Pink Floyd”, que terá as canções mais conhecidas da banda reunidas pela primeira vez em um álbum. A coletânea contará também com a tão esperada versão 5.1 de ‘Wish You Were Here’, mixada por James Guthrie. Está faixa também será lançada em paralelo pelo selo independente Acoustic Sounds.
"The Wall", que já vendeu 25 milhões de álbuns duplos e se tornou um marco cultural e político das ultimas três décadas, ganhará o mesmo tratamento dos lançamentos anteriores e chegará às lojas no dia 27 de Fevereiro de 2012. O pacote de luxo ‘Immersion Edition’ contará com 7 discos e a edição “Experience Edition”, 3 discos. Um vinil para colecionadores também estará disponível assim como em diversos formatos digitais.
Confira abaixo as datas oficiais dos lançamentos:
26 de Setembro:
Todos os 14 álbuns remasterizados em versões ‘Discovery’
Box-set com os 14 álbuns com livro de fotografias
Downloads de áudio dos álbuns em formato ‘Discovery’ e do box-set
The Dark Side of The Moon – Edições ‘Immersion’ e ‘Experience’, Vinil, e edições digitais.

7 de Novembro:
A Foot In The Door -The Best of Pink Floyd
Wish You Were Here – ‘Edições ‘Immersion’ e ‘Experience’, Vinil, e edições digitais.

 27 de fevereiro de 2012:
The Wall – ‘Edições ‘Immersion’ e ‘Experience’, Vinil, e edições digitais.

Crédito: Fotos dos discos retiradas do blog Collectors Room

4.26.2011

Entrevista: Jair Naves

Em 2010, o músico Jair Naves lançou um dos discos mais elogiados pela crítica e que também obteve uma ótima recepção por parte do público. O disco em questão é o EP Araguari, que traz quatro belas músicas, com uma sonoridade bem diferente do antigo grupo de Jair Naves, o Ludovic. Nesta entrevista o músico comentou sobre os projetos para 2011, a recepção ao disco Araguari e as músicas novas, os motivos que levaram o fim do Ludovic e muito mais. Boa leitura. 

O EP Araguari foi bastante elogiado pela crítica no ano passado, 2010. Como foi a aceitação do público ao disco e nos shows?
A recepção foi ótima, chegou a ser surpreendente. Quero dizer, eu sempre tive muita confiança nesse disco, não tenho dúvidas de que é o meu melhor trabalho entre tudo que eu já fiz, mas a princípio eu achei que as músicas eram pessoais demais e que eu corria um sério risco de que as pessoas não enxergassem a si mesmas naquilo que eu estava cantando. Para a minha felicidade, ocorreu o oposto disso. Tivemos críticas excelentes, o EP entrou em diversas listas de melhores discos do ano e a cada dia nosso público parece aumentar. 

Na primeira música do disco, Araguari I (meus amores inconfessos), há um sample de um diálogo do filme O caso dos irmãos naves. Há algum grau de parentesco entre você e os irmãos do filme?
Essa foi uma questão que me intrigou durante muito tempo. Embora eles tivessem o mesmo sobrenome que eu e fossem da mesma cidade que a minha família paterna, demorou para que eu conseguisse apurar qual ligação existia entre Joaquim e Sebastião (os tais “irmãos Naves”) e eu. Recentemente consegui descobrir que eles eram primos da minha avó, mas de qualquer maneira, não é algo tão importante assim. Mesmo que o nome fosse apenas uma coincidência, o simples fato de eles terem passado pelo que passaram, justamente na cidade em que eu vivi alguns dos melhores momentos da minha infância, já seria o bastante para que eu me sentisse na obrigação de mencionar o episódio de alguma forma.
Conte-nos sobre o enredo do filme e como você teve contato com ele.
Para quem não sabe, “O Caso dos Irmãos Naves” é o maior erro judiciário da história do Brasil. Resumindo muito brevemente, os dois irmãos foram acusados de serem os autores de um assassinato que nem sequer aconteceu e sofreram as torturas mais monstruosas que se pode imaginar para que confessassem o crime. Esse se tornou um episódio emblemático da era da ditadura de Getúlio Vargas, e em 1967 saiu o filme dirigido pelo Luís Sérgio Person. 

Quando eu vi o filme pela primeira vez, foi um choque muito grande. Não só pela história em si, mas especialmente por se passar em Araguari e em grande parte devo ao filme a inspiração para escrever músicas sobre a cidade. 

Araguari I (meus amores inconfessos) tem uma letra nostálgica e reflete sobre a sua volta à Araguari, sua cidade natal. Você atualmente vive lá? O quanto foi importante este retorno para a sua carreira?
Não moro em Araguari. Passei catorze anos sem visitar a cidade, só voltei em janeiro de 2011, quando fizemos um show por lá. Os versos dessa música são muito metafóricos, não devem ser levados ao pé da letra. Não gosto muito de explicar o significado das minhas letras, mas essa música é basicamente sobre confrontar-se com a pessoa que você foi no passado e ver o quão transformadora é a ação do tempo. 

Ainda sobre esta primeira faixa do disco, nela você canta os seguintes versos: “Mas eu sinto saudades da nossa banda / de cada palco em que eu pisei / de cada nota que eu cantei”. Estes versos são sobre o Ludovic certo? Você ainda sente saudades do grupo? O que levou ao fim da banda?
Esses versos são inegavelmente sobre o Ludovic, mas essa não foi a única razão para que eu os escrevesse. Percebi que muitos dos amigos que eu fiz no mundo da música desistiram de suas carreiras na medida em que ficavam mais velhos, como se fosse uma prática incompatível com a chamada “vida adulta”. O curioso é que eu percebo em todos eles, invariavelmente, uma nostalgia imensa, senão certa amargura. Pareceu-me apropriado falar disso nessa música em especial. 

As causas que levaram ao fim do Ludovic não são muito diferentes das que levam muitas bandas a encerrarem suas atividades: desgaste nas relações entre os músicos, a falta de dinheiro, divergências artísticas, enfim, nada original. Reconheço que foi uma etapa importantíssima na minha formação artística e profissional, mas eu não tenho saudade. 

Você toca algumas músicas do Ludovic nos shows?
Não.
Silenciosa foi à primeira música do EP a ter um videoclipe, que também foi o primeiro de sua carreira solo. Como foi feita a gravação e quem são os produtores do clipe?
A gravação foi feita em duas ocasiões diferentes: uma em julho de 2010, outra em dezembro do mesmo ano. Ficamos muito tempo tentando chegar a um resultado final apenas com as imagens obtidas no primeiro dia. Quando chegamos à conclusão de que esse material não seria suficiente, fizemos uma segunda diária. Quem dirigiu o vídeo foi a Danila Bustamente, com o auxílio da Bárbara Gondar e da Patríca Caggegi. Não fosse a insistência da Danila, provavelmente eu teria desistido do projeto. O clipe só existe por causa dela.
Em minha opinião, Silenciosa é a melhor música do disco. Possuindo versos e melodias tristes, porém, muito bonitos. Como surgiu esta bela canção?
Obrigado pelas palavras, é uma das minhas preferidas entre tudo que eu já escrevi até hoje. O engraçado é que “Silenciosa” foi uma das composições que eu fiz mais rapidamente desde sempre, a música ficou pronta em uma noite. Sobre como ela surgiu, bem, acho que a letra é bem auto-explicativa. 

Como é o seu processo de criação das músicas e das letras?
Não existe uma regra, cada música aparece de uma maneira. Geralmente eu faço a parte instrumental, defino a melodia de voz, trabalho no arranjo com os músicos e só depois consigo colocar os versos definitivos. As letras sempre são a última etapa, a parte do processo de composição com que eu mais me preocupo e mais gasto tempo.
Quem são os músicos que estão te acompanhando nos shows? São os mesmos que gravaram o disco?
A minha banda é formada pelo Alexandre Xavier (piano), Daniel Guedes (guitarra e voz), Helena Duarte (baixo e voz) e Mark Paschoal (bateria e voz). Deles, apenas o Alexandre e o Mark participaram das gravações do EP. Na verdade, exceto os instrumentos que os dois tocam, eu gravei praticamente todo o resto do instrumental, já que na época eu ainda não tinha uma banda formada. Outros músicos também fizeram participações: o Danilo Sevali do Hierofante Púrpura, o Fernando Coelho do Seychelles e do Mamma Cadela, a Júlia Frate e a Tereza Miguel, que foi quem produziu comigo o disco. 

No EP Araguari, uns dos principais destaques são os belos vocais da cantora Júlia Frate. Como você a descobriu? Por que ela não está nos shows?
A Júlia é um achado, uma das minhas vozes preferidas. Ela é namorada do Alexandre, nosso pianista. Quando estávamos finalizando as músicas do EP, ele comentou que ela cantava muito bem e que deveríamos experimentar a voz dela nas composições. No fim das contas, nossas vozes combinaram perfeitamente. Devo muito a ela, tenho certeza de que as músicas não seriam as mesmas sem a sua participação. 

Ela fez os três primeiros shows da turnê de divulgação do EP conosco. Logo depois disso, ela passou um bom tempo fora do Brasil e só voltou há alguns meses. Espero poder voltar a trabalhar com ela algum dia. 

Algumas das principais diferenças entre este seu novo trabalho e o Ludovic são os arranjos, que valorizam mais as partes acústicas e também parecem ser mais elaborados. Sua voz também está mais grave, dando um clima mais soturno e sentimental às músicas. Esta mudança foi proposital ou uma conseqüente evolução?
Um pouco dos dois, acho. Depois que o Ludovic acabou, eu decidi que só voltaria a fazer música se fosse algo com uma proposta radicalmente diferente. Eu estava determinado a não soar como uma repetição da minha antiga banda. Para tanto, pesquisei muito, voltei a estudar música e pensei em como eu faria para conseguir surpreender quem já conhecia meus trabalhos anteriores.
Quais são suas principais influências e o que você tem ouvido ultimamente?
As perguntas sobre influências são sempre as mais difíceis. Eu poderia listar uma série de artistas que eu admiro e respeito, mas isso não significaria necessariamente que eu sofro influência direta de todos eles. Até porque não são só canções que me influenciam, mas também filmes, livros, poemas, conversas, acontecimentos banais... Enfim, é um ponto complicado. Sobre artistas que eu tenho escutado recentemente, eu voltei a ouvir a Patti Smith, há alguns anos não consigo desgrudar do primeiro do Fleet Foxes, gostei muito dos discos do James Blake e do Warpaint e redescobri o “Revolver” do Walter Franco. 

Em sua última passagem pelo programa Showlivre, você executou uma série de músicas novas. Já teve algum retorno do público com relação a essas novas canções? Como tem sido?
O retorno que tivemos dessa apresentação no Show Livre também foi uma surpresa inacreditável. Pela excelente qualidade técnica e pelo fato de termos tocado muito material inédito na ocasião, esse registro acabou virando um bootleg por iniciativa dos fãs. Até por isso, acho, agora as pessoas também cantam essas músicas novas nos shows, o que nos dá ótimas perspectivas para as músicas que estamos preparando para o próximo disco. 

Quais são os planos para este ano de 2011?
Fazer o maior número de shows possível e levar nossas músicas para pessoas que ainda não às conheçam. E terminar o disco novo, minha maior preocupação no momento. 

Obrigado pela entrevista Jair Naves. Deixe uma mensagem para as pessoas que leram a entrevista.
Eu é que agradeço a você, Flávio. Nos vemos por aí, espero. 

Ouça as músicas do EP Araguari no site: http://www.myspace.com/jairnaves

3.06.2011

Entrevista: Carbona

Entrevista publicada no site Vale Punk no dia 30/01/2008

No mês de Dezembro de 2007, o Carbona, uma das principais bandas independentes do Brasil, completou 10 anos de atividade. Para comemorar a longevidade do grupo, o Vale Punk preparou uma entrevista especial com o vocalista e guitarrista Henrique Badke, que nos contou um pouco da história do Carbona nesta primeira década e alguns projetos para este ano de 2008.

Como e quando vocês criaram o Carbona?
Carbona nasceu em 1997. Dezembro de 97. Uma forma banal, porém muito especial de se começar a banda. Três amigos conversam sobre música e não demora a surgir a célebre frase: Vamos fazer uma banda? No dia seguinte ensaiamos duas vezes. Aquilo era o início de tudo. Não paramos mais.
Quais são as principais influências musicais no som do Carbona?
Ramones e as bandas da Lookout da década de 90: Queers, Screeching Weasel, Groovie Ghoulies.
Comente um pouco sobre o universo das letras do Carbona.
Estórias contadas em bases simples de três acordes e melodias grudentas. O Carbona funciona como filmes de sessão da tarde musicados ou estórias em quadrinhos musicadas. Acho que isso define vem.
O primeiro cd de vocês, o Go Carbona Go, de 1998, foi lançado primeiramente no exterior pelo selo canadense AMP Records, para depois ser lançado no Brasil. Por que isso aconteceu e como ocorreu esse contato com esse selo?
Quando gravamos a demo estávamos conhecendo a web. A proposta daquele novo meio era fascinante. A idéia de conectar pessoas revolucionando a relação tempo X espaço. Começamos a mandar email e demos para todo o mundo. A resposta mais bacana veio do Canadá. Nosso primeiro disco também.
Como foi essa experiência de ter logo o primeiro disco de vocês sendo lançado logo de cara no exterior?
Foi legal, pudemos aprender muito com o jeito em que a “correria” independente ela feita por lá e depois aplicar aqui. Foi também um sonho tocar com bandas das quais éramos fãs como Groovie Ghoulies e Marky Ramone. Hoje é uma memória de algo bacana que nos aconteceu. Mas parte daquela viagem está com a gente em todas as tours que fazemos até hoje.
Neste mesmo ano vocês realizaram uma turnê pelos EUA e Canadá. Como foi essa tour e a receptividade do público?
Foi como realizar um sonho. Sempre olhava pras camisas de tour de banda gringa e pensava: "como deve ser você pegar um avião e it tocar em outros país?”, e olhava praquilo com muita distancia... A gente teve a chance de tocar com bandas das quais éramos fãs e tínhamos dezenas de cds na prateleira como os groovie ghoulies que contavam na época com Dan Panic do Screeching Weasel na batera e com B face do Queers no baixo, sem falar em Marky Ramone que na época estava com os Intruders e no Chixdiggit do Canadá. A gente aprendeu muito naquela tour e grande parte do que fizemos aqui foi a partir de aprendizado de coisas da tour adaptadas pra nossa realidade, como, por exemplo, as tours seqüenciais que fizemos aqui nos anos seguintes.
Vocês têm planos de realizar uma outra turnê por outros países?
Vontade a gente tem, mas sempre que a gente arruma tempo pra poder excursionar a gente acaba pensando em fazer por aqui mais uma vez. O Brasil é um país incrível, muitos lugares bacanas pra visitar, e à cada vez que você passa numa cidade é uma estória diferente. Creio que um dos maiores presentes que o rock me deu foi conhecer melhor meu país. E ainda há muito a ser feito!
Logo depois que vocês voltaram da turnê, vocês lançaram o Go Carbona Go aqui no Brasil pelo selo Traidores Records. As versões internacional e nacional do disco foram às mesmas?
O disco é basicamente o mesmo, mas lá fora saiu com uma ou outra faixa demo. 
No ano seguinte, em 1999, vocês iniciaram uma parceria que duraria muitos anos com a Thirteen Records, com o lançamento do Back To Basics. Como começou essa parceria?
Éramos fãs do Zumbis do Espaço, um dia encontrei o André num show em São Paulo e fui falar com ele. “Ei, tenho uma banda, sou fã do Zumbis e  soube que você tem um selo, posso te mandar o cd?” . Deixei um cd com ele e o resto é história.
O Back to Basics traz alguns dos maiores clássicos do Carbona em inglês, você acredita que esse disco ajudou a divulgar o bubblegum na cena nacional e chamar a atenção para outros grupos do estilo?
Difícil saber. O Back to Basics é um disco que reúne várias gravações DEMO que fizemos. Acabou sendo um dos discos de maior vendagem. Difícil dizer o que ele representou pra outras bandas, mas pro CARBONA e pro nossos fãs representou um “puta” disco.
 Em 2000 vocês lançaram o Straight Out Of The Bailey Show, que traz três covers, entre elas a clássica Teenage Kicks, do The Undertones. Como surgiu a idéia de incluir essas músicas?
Das bandas européias, o Undertones era a que a gente mais estava próxima no que diz respeito à temática das letras. Teenage Kicks é um hino. Curtíamos a música a letra e achamos que seria legal gravar.
A arte da capa e do encarte desse disco é uma das mais bonitas já feitas em um disco de vocês. Comente um pouco sobre ela e como foi feita a criação.
Isso significa que todas as outras são feias (risos)? O Bailey é um trabalho do Von Victor, mesmo ilustrador dos discos do Zumbis. O Trabalho dele é incrível. Acho que captou bem o que a gente queria e colocou o CARBONA no universo dos quadrinhos.
Em 2000 vocês lançaram um disco ao vivo, o 3 Years Fuckin Up LIVE!, que retrata bem como é o Carbona ao vivo. Como foi essa experiência?
Foi divertido. Registrou um show numa época muito especial. Mágica! Na época pouca gente gravava ao vivo também. Foi divertido.
Há planos de lançamento de um disco ao vivo com as músicas em português?
Há planos, falta tempo e dinheiro (risos). A gente acaba sempre priorizando músicas inéditas.
Também em 2001 vocês lançaram o A Mighty Panorama of Earth Shaking Rock And Roll, que tem uma história interessante, ele era para ser o segundo disco e acabou sendo o quinto. O que aconteceu?
Não me lembro ao certo... Mas este é o meu favorito disco da fase em Inglês. Macarroni Girl faria parte deste disco. Não entrou por que o Back to Basics saiu primeiro. Arrisco a dizer que o MIGHTY, o menos conhecido de todos os discos, é um dos melhores senão o melhor álbum do CARBONA.
A Mighty Panorama of Earth Shaking Rock And Roll acabou sendo o último disco em inglês. Vocês têm planos de lançar mais material em inglês ou até mesmo de lançar uma coletânea com esse material antigo e as raridades?
Sim, a gente gostaria de gravar, mas acaba sempre priorizando músicas inéditas em português.
2002 foi um ano de poucos lançamentos e da decisão de lançar um disco em português. Por quê vocês optaram por esse desafio?
A gente já tinha estas músicas prontas. Ao longo dos primeiros anos a gente sempre fazia das músicas em português uma recreação nos ensaios. Um dia tocamos quase 15 músicas e pensamos “Porra temos um disco aqui”. Achamos aquilo o máximo e resolvemos gravar.
 Nesse mesmo ano vocês lançaram alguns EP`s virtuais com versões demo das músicas em português e elas tiveram uma boa receptividade do público. Você acha que essa boa aceitação do público foi decisiva para o lançamento do disco em português?
Sim, mas não decisivo. Nos importa, obviamente, o que os fãs pensam do nosso trabalho, mas não deixaríamos de lançar aquele disco por nada.
Esse primeiro disco em português era para se chamar Rock`n`Roll Colegial, por quê houve a mudança para Taito não Engole Fichas?
Por que é muito mais bacana! Risos. Um título que retrata a mesma atmosfera de criação, mas é muito menos óbvio e  tem uma conexão forte com minha adolescência.
O Taito não Engole Fichas, se não é o melhor disco do Carbona, com certeza foi o que trouxe mais exposição na mídia, mais popularidade e fez com que vocês pudessem tocar em cidades que ainda não haviam visitado. Você acredita que esse é o disco mais importante na carreira de vocês?
Sim. Concordo que é um divisor de águas na nossa caminhada.
Para divulgar esse disco vocês caíram na estrada com o Magaivers e passaram por várias cidades do país com a Chicletour. Como foi essa turnê?
A Chicletour I e II foram os melhores dias que vivi com a banda. Tour longas numa van cheio de amigos. Era uma banda “sessão da tarde” vivendo dias de “sessão da tarde”. Além disso, o modelo de trabalho era sensacional. Duas bandas, de estados diferentes, produzindo, durante 4 meses, TUDO: transporte, shows, hospedagem, merchandising, um grande projeto!
Também com o Taito não Engole Fichas, vocês gravaram o primeiro clipe de vocês, da música Fliperama. Como foi essa experiência de gravar um videoclipe e qual a importância dele para o grupo?
Foi divertidíssimo! Nunca tinha dado muito valor pra isso até o dia em que filmamos. O clipe foi resultado de uma grande “correria” e força do Samir, um dos diretores. Acho que o clipe ajudou a traduzir ainda mais o espírito da banda.
Em 2004 vocês participaram do Porão do Rock em Brasília. Como foi tocar para mais de 50.000 pessoas e no palco principal do evento?
Uma das experiências mais fodas da minha vida. Tenho muitas lembranças daquele fim de semana! Muitas.
Também em 2004 vocês faturaram o prêmio de melhor disco de punk rock nacional de 2003. Talvez esse prêmio tenha sido o primeiro conquistado pelo Carbona. O que isso representou pra vocês?
Ficamos contentes por ter sido um prêmio resultante de votação de internautas. Prêmios com escolha da audiência é sempre bacana.
Ainda em 2004, vocês participaram da coletânea Punk Rock Classics, do selo Ataque Frontal e que era uma homenagem a bandas que ajudaram a construir a história do punk rock. Como foi a participação de vocês?
Procuramos gravar músicas de bandas com as quais nos identificávamos ou que ouvíamos. Misfits, Undertones são bandas que todos nós ouvíamos.
 O Cosmicômica veio em 2005 e com ele uma mudança na sua maneira de cantar. Por quê houve essa mudança?
Aos poucos a idéia de cantar com a voz parecida com a do Bem Weasel foi “perdendo a graça”. Risos. Rasgar a voz era um artifício para não desafinar muito. Tinha muitas referências de vocais rasgados. Num dado momento comecei a ver que cantar com um vocal próximo seria um desafio e positivo para a banda. No Cosmicômica isso começa, no Apuros se consolida.
Nesse disco tem uma música diferente de tudo que o Carbona já fez, que se chama Dançando The Doors com Garotas ao Redoors. Como foi gravar uma música totalmente fora dos padrões do Bubblgum característico do grupo?
Esta música não estava programada desta forma. Era pra ser apenas violão e voz. O Kaly, autor da música, estava de passagem pelo Rio. Estávamos gravando o disco, ele chegou no estúdio começamos a pirar e quando vimos estávamos há horas gravando aquilo. Acho sensacional. Narra uma estória verídica.
Para divulgar o Cosmicômica vocês realizaram a Chicletour II, novamente ao lado dos Magaivers e em alguns shows do Sul contaram com a presença do Tequila Baby. Como foi essa turnê? 
As duas edições da Chicletour foram os melhores momentos da minha vida. Além de divertido elas foram a concretização de sonhos e materialização de uma filosofia de trabalho que a gente alimenta a muito tempo. A “gastação de sola de sapato” é uma filosofia de vida.
Em 2005 vocês gravaram a trilha sonora do curta Eu, Você e Seu Husky Siberiano e participaram de um tributo ao Ultraje a Rigor. Como foram essas experiências? Vocês gostariam de produzir outras trilhas?
Achei sensacional. Acho que uma das coisas bacanas do CARBONA é a capacidade de contar estórias musicadas. Quando você tem uma versão ali filmada é uma sensação bacana. É como se o “monstro levantasse da cama” risos.
Também em 2005 você gravou um EP solo, intitulado Uma Vida, Três Acordes e foi um lançamento inovador em relação ao formato de se distribuir música. Por que lançar um EP solo e o que ele oferecia além das músicas?
Aquele EP surgiu por que o Magaivers tinha convidado o CARBONA para voltar à estrada e não poderíamos tocar. Pensei. O CARBONA não pode, mas eu estou com tempo pra voltar à estrada. Resolvi gravar músicas, montei um show e ensaiei com o Magaivers dois dias antes de partir para 15 shows.
 Você tem planos de lançar mais material solo?
Sim, muitos planos. E já estive mais longe disso. Não gosto de chamar de solo. São apenas músicas. Sou compositor e gosto de escrever e gravar músicas.
Em 2006 vocês deram um tempo com a parceria de anos com a 13 Records para lançar pela Revista Outra Coisa. Por que houve essa mudança?
A proposta da Revista era interessante. Distribuir o cd por todo Brasil por um preço acessível era algo que casava com nossos objetivos. Somos muito gratos pela 13 RECS e pelo trabalho do André até hoje. Sempre nos incentivaram e acreditaram no nosso trabalho.
Para lançar o Apuros em Cingapura vocês começaram uma parceria com o selo Toca Discos e o gravaram na Toca do Bandido, um dos melhores estúdios do Brasil. Qual a importância de ter toda essa estrutura para o resultado final do disco?
A gente sempre sonhou em gravar num estúdio assim. Pela primeira vez gravamos com um produtor, o Thomas Magno, que fez a diferença. Até ali era basicamente entrar, apertar play, rec e pronto. Gravar num estúdio como aquele, com alguém ajudando, realmente amplia a percepção do que é fazer um disco.
Nesse disco, vocês gravaram o videoclipe da música Lunático. Como foi a produção dele?
Toda vez que penso neste clipe penso no esforço pela Cinerama Brasilis (produtora) e no Vanderput e Nakamura que fizeram este clipe acontecer. Eles compraram a idéia de fazer o clipe mesmo estando na posição de quem vende risos. Eles deram todo apoio, mobilizaram uma equipe bacanissima e fizeram a coisa acontecer.
Alguns veículos de comunicação que resenharam o Apuros em Cingapura disseram que as letras e a sonoridade do Carbona estão mais maduras. Você concorda com essas opiniões?
Sob certo aspecto sim, mas na verdade a essência está lá. A temática inserida no mesmo universo de criação, as melodias grudentas, as bases e solos simples.
Em 2007 vocês participaram do festival VANS Zona Punk Tour. Com foi realizar uma turnê ao lado de outros grandes grupos da cena e que possuem uma sonoridade diferente do Carbona?
Foi interessante. Acho muito válido a fórmula de shows com bandas de sons diferentes. Pluralidade é algo importante para o mundo. A tour foi bacana como todas as outras. Estar na estrada é turbinar a vida.
Os números do Carbona são impressionantes para uma banda independente. São 8 discos lançados e mais de 400 shows pelas mais variadas cidades do país em 10 anos de grupo. Você acredita que a hiperatividade é o grande diferencial do Carbona?
Eu não costumo levantar a bandeira da produtividade. Na música quantidade não é mérito. Acho que nosso mérito é fazer com vontade aquilo que a gente gosta. Cada banda e artista tem seu jeito próprio de trabalhar. O nosso foi desta forma e nos trouxe até aqui.
Durante esses 10 anos vocês tocaram junto com grandes ídolos de vocês, tanto no Brasil quanto no exterior, como Marky Ramone, The Queers e Grouvie Ghoulies. Como foi tocar junto com essas bandas e com quem mais vocês gostariam de tocar?
Foi muito bacana tocar com bandas das quais tenho dezenas de discos na prateleira. O Marky é um Ramone! Não precisa falar mais nada. Na época em que tocamos lá ele ainda não tinha vindo sozinho pro Brasil. Foi mágico. E o Ghoulies na época tinha B Face no Baixo e Dan Panic na Batera! Um selecionado pra nos fãs do bubblegum.
Quais as principais diferenças da cena existente na época que o Carbona começou para a cena atual?
O que mudou nesses 10 anos? Acho que a maior diferença fica por conta da Internet. Existe A.I e D. I . Antes da Internet e depois da Internet. Não faço comparação do tipo melhor ou pior. Mas está tudo muito diferente.
Quais são os projetos do Carbona para 2008?
Gravar um novo disco e cair na estrada. O mesmo que fizemos ao longo dos últimos 10 anos.  Risos
É isso Henrique. Parabéns pelos 10 anos de Carbona e por tudo que vocês conquistaram nesse período. Muito obrigado pela entrevista. Deixe um recado para os leitores do Vale Punk. 
Obrigado pela força ao longo destes anos de trabalho. Um brinde à todos aqueles que fazem da música uma eterna fonte de diversão!