3.24.2007

Roger Waters - Praça da Apoteose 23/03/07


Nunca imaginei que iria a um show de rock progressivo. Não curtia Pink Floyd e não conhecia muita coisa além da clássica Another Brick In The Wall e outras que tocam no rádio. Cresci ouvindo punk rock e, por isso, não gostava daquele estilo de músicas longas, temas complexos, poucas letras e muitos acordes.
Mas nada como o passar dos anos para fazer você repensar seus conceitos. Em novembro, ao realizar um dos meus passeios favoritos, perder horas em lojas de discos, encontrei o Dark Side Of The Moon em promoção e pensei “se todos dizem que é um dos melhores álbuns de todos os tempos, por que não ouvir e ver se ele realmente é bom?”. Comprei e considero um dos melhores que já ouvi.
Tudo isso para dizer que, se não fosse por esse disco, não teria presenciado um dos melhores shows que já assisti. Um dos melhores em termos musicais e, com certeza, o melhor em termos visuais, por causa da iluminação, o telão de alta resolução, que projetou vídeos e imagens inseridos no contexto das composições, e as labaredas nas laterais e no centro do palco. O sistema de som era quadrifônico, que consiste na disposição de quatro ou mais alto-falantes ao redor do público. O posicionamento do som é dado exclusivamente pelas relações de intensidade de volume entre as caixas de som. Este sistema é um dos mais avançados da atualidade, e reproduziu com fidelidade os diálogos, efeitos e intervenções das músicas.
Antes de começar o show, havia uma imagem no telão de um rádio antigo numa mesa, com uma garrafa de Whisky, comprimidos e um cinzeiro. As músicas iam tocando e, de acordo com o gosto musical do ouvinte virtual, aparecia uma mão que trocava a estação. O repertório foi baseado em rocks dos anos 50 e 60 e foi nesse ritmo que entrei na Praça da Apoteose, ouvindo uma das melhores músicas de Bob Dylan, Mr. Tambourine Man.
O Show, que teve um público de 25 mil pessoas, começou pontualmente às 21:30, com duas músicas do disco The Wall. A primeira foi In The Flash, seguida de Mother, que teve como destaque a participação de uma das vocalistas de apoio. Shine On You Crazy Diamond e Wish You Were Here também empolgaram o público. Essas músicas foram compostas em homenagem a Syd Barrett, guitarrista e vocalista do Pink Floyd no primeiro disco do grupo, o The Piper of the Gates of Dawn.
Quase no final da primeira parte do show, quando era executada Perfect Sense (partes 1 e 2), aconteceu o inesperado. O telão exibia uma imagem de uma plataforma de petróleo e um submarino dentro de uma piscina dentro de um estádio. Quando este disparou um torpedo, aconteceu um problema no palco e toda a parte elétrica parou de funcionar. Depois de uns 10 minutos, Roger Waters e a banda voltaram para tocar Leaving Beirut e Sheep. A primeira foi anunciada como música inédita, mas faz parte do cd single da música To Kill the Child, lançado apenas no Japão. Tem letra de forte crítica a atual política de guerras dos EUA. Em Sheep, um balão inflável no formato de um porco foi colocado no ar e trazia as seguintes frases: “Bush, não estamos a venda”; “Ordem e Progresso?”; “Medo Constrói Muralhas” e “Hey killers, leave our kids alone”, em referência a morte do menino João Hélio de 6 anos. E assim se encerrou a primeira parte do show...
Após 15 minutos de intervalo e muita expectativa, começa a segunda e mais aguardada parte, a execução de Dark Side of the Moon. Muitas das músicas desse disco são cantadas por David Gilmour (vocalista e guitarrista do Pink Floyd), e, com isso, coube ao guitarrista Dave Kilminster, a difícil tarefa de substituir os vocais de Gilmour. Logo nos primeiros acordes de Speak to Me/ Breathe se percebe a empolgação do público, que cantou todas as músicas, do início ao fim do show. Logo em seguida veio a instrumental On the Run e a arrasadora Time, que foi, junto com Money, Us and Them e Brain Damage, o principal destaque dessa parte do show.
No bis, Roger Waters chamou as crianças do coral infantil da UFRJ para a participação em Another Brick in the Wall, part. 2. No fim desta, Waters fez questão de se despedir de cada criança do coral. Bring the Boys Back Home e Comfortably Numb vieram logo em seguida e encerraram de forma apoteótica o rock-espetáculo de Roger Waters, que teve pouco mais de 2h30m de show.

I'll see you on the dark side of the moon...

Ouvindo as músicas do set list do show. Segue a relação a baixo:

1ª Parte

1- In The Flash

2 - Mother

3 - Set the controls for the heart of the sun

4 - Shine on you crazy diamond (partes 2 a 5)

5 - Have a Cigar

6 - Wish you were here

7 - Southampton dock

8 - The Fletcher Memorial Home

9 - Perfect Sense (partes 1 e 2)

10 - Leaving Beirut

11 - Sheep

2ª parte

12 - Speak to me / Breathe

13 - On the run

14 - Time

15 - Breathe (reprise)

16 - The great gig in the sky

17 - Money

18 - Us and Them

19 - Any colour you like

20 - Brain Damage

21 - Eclipse

Bis

22 - The Happiest days of our lives

23 - Another brick in the wall (parte 2)

24 - Vera

25 - Bring the boys back home

26 - Comfortably numb

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto está muito melhor do que um certo release que li recentemente, hahaha! Beijos, amor! Carla K.