9.20.2007

O Ato de Estudar... (Paulo Freire)

Para Paulo Freire, a bibliografia deve atender ou despertar o desejo de aprofundar os conhecimentos naqueles a quem se oferece determinada obra. Se ela não corresponder essas expectativas, se ela não conseguir desafiar o leitor, a intenção fundamental da bibliografia se torna uma frustração, permanecendo como um papel inútil, perdido no meio de tantos outros dentro de uma gaveta ou escritório.
As intenções da elaboração de uma bibliografia devem respeitar a três partes: a quem se dirige a bibliografia, aos autores citados e a ele mesmo responsável pela criação, pois sugestão de leitura deve ter como preocupação fundamental, saber o quê e o por quê de sugerir determinado livro.
O Estudante deve ser disciplinado intelectualmente, deve ter uma posição crítica e sistemática, e isso só se conquista praticando. O que não é estimulado pela educação “bancária”, que tira dos educandos a curiosidade, o espírito investigador e a criatividade. Tirando deles o senso indispensável de crítica e compreensão quando da leitura de um texto, tornando-a mecânica e exclusivamente de memorização.
O ato de estudar é uma atitude frente ao mundo, nele, o estudante deve assumir o papel de sujeito e deve ter humildade face ao saber, buscando primeiro a compreensão sobre o assunto, para depois obter um posicionamento crítico sobre o que foi estudado. Este ato de estudar, desenvolvido como um exercício de reflexão crítica, exige do sujeito uma reflexão sobre o próprio significado de estudar.
Segundo Paulo Freire, o ato de ler só se realiza mediante um espaço de relação dialógica com o autor, cujo mediador é o tema. Com isso, a leitura exige bastante concentração, exigindo um distanciamento das coisas externas e uma reflexão sobre o que se está lendo. Só podendo ser realizado através de procedimentos como: análise, síntese, interpretação e juízo crítico.
Até alcançarmos a exata compreensão de uma mensagem presente em um texto, passamos por um lento processo intelectual, que esbarra em obstáculos pessoais e culturais. É preciso um espaço de tempo, que varia para cada tipo de pessoa, para que possamos decodificar e assimilar o que está sendo passado pelo texto. Com isso, para descobrirmos a mensagem de um texto de modo abrangente, devemos seguir algumas disciplinas de trabalho: delimitar a unidade de leitura, que pode ser um capítulo, seção ou parágrafo; e ler repetidas vezes o mesmo texto; tudo isso para obter a compreensão verdadeira do assunto em pauta.
Para o desenvolvimento de uma boa leitura por parte do estudante, Paulo Freire divide a leitura em quatro partes: a primeira é a leitura exploratória, que consiste em observar a diretriz do pensamento do autor e dividir texto em três grandes partes, que são a introdução, desenvolvimento e conclusão, visualizando o texto de forma global.
A segunda parte é a da leitura analítica, que consiste na relação dialógica do leitor com o autor do texto, é a fase de analisar os temas tratados no texto. Esses temas são os mediadores entre autor e texto do qual fala Paulo Freire.
Sublinhar o texto é importante para mostrar a idéia central e as idéias secundárias do texto. Esse trabalho é importante para esta parte da leitura, porque ajuda a subdividir o texto e refazer toda a linha de raciocínio do autor. A leitura analítica serve de base para a elaboração do resumo ou síntese do livro.
A terceira parte é a leitura interpretativa, que consiste na compreensão do texto, que se firma através da capacidade de assimilação e pensamento crítico do texto. Isso serve para nos auxiliar no desenvolvimento da nossa posição perante o que está sedo lido.
Este é um momento de aplicar o senso crítico, onde deve haver uma ponderação e consciência entre os pressupostos do autor e dos estudantes. Se não houver essa distinção, provavelmente haverá interferência na compreensão dos fundamentos básicos da mensagem. Essa autocrítica permite que os leitores percebam os limites da interpretação e possibilita também uma melhor análise sobre os argumentos do autor.
A quarta parte é a Problematização, que consiste em um levantamento dos problemas existentes no texto, para a obtenção da certeza da compreensão do texto. Isso possibilita também o levantamento de elementos para a reflexão pessoal e o debate em grupo.
O ato de criticar é um juízo que deve ser feito a partir do conhecimento da matéria que será analisada. A análise é um processo de um todo em partes, é uma divisão que parte de um dado singular para chegar aos princípios gerais. A síntese é um processo de composição dos elementos visando chegar a uma totalidade, e também é um método que parte de um todo e estabelece ordens entre os elementos, para chegar às últimas conseqüências.
A análise muitas vezes se opõe à síntese, mas em geral caminham juntas, pois uma completa a outra. A análise, se for utilizada sozinha, pode perder a visão de conjunto, enquanto que a síntese, empregada só, alcançará o nível de interpretação arbitrária.
"Se o pensar não se identifica ao raciocinar porque sua extensão é mais ampla, todavia é impossível pensar sem se usar os procedimentos da razão. E só deste modo se pode argumentar, demonstrar e, conseqüentemente, criticar. "
Texto baseado no Artigo O Ato de Estudar... feito por um dos maiores pensadores da educação brasileira e mundial - Paulo Freire
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Ouvindo: Bad Religion - New Maps From Hell (2007)

9.19.2007

História da Educação Física

Discóbulo de Míron - Símbolo da Educação Física

Grécia Antiga

A civilização grega marcou o início de um novo ciclo na história. É nesta região do ocidente que nasce uma nova forma de mundo civilizado, com a descoberta do valor e da individualidade humana.
Os gregos foram o primeiro povo europeu a atingir alto grau de civilização. A Educação Física, assim como a Filosofia, a Lógica, a Arquitetura e as artes em geral, está entre as principais heranças por eles deixadas ao mundo moderno. E é na Grécia que ocorre o início autêntico da história da Educação Física, pois é lá que o esporte passa a ocupar um lugar de destaque na sociedade, onde a prática esportiva é a única atividade que, mesmo gerando suor, causa orgulho nos cidadãos, se tornando um motivo de distinção social.
A filosofia pedagógica que determinou os caminhos os caminhos a serem percorridos pela educação grega, têm o grande mérito de não separar a Educação Física da intelectual e da espiritual, visando o desenvolvimento físico e moral do homem. Nesse período, a Educação Física visava o aspecto somático: a harmonia de formas e musculatura saliente, mas sem exageros. A partir desta prática surgiram os atletas de porte esbelto.
Esta busca pelo equilíbrio entre corpo, espírito e mente, conceito desenvolvido por Platão, confirma o mais significativo de todos os princípios humanistas, o de que o homem é somente humano enquanto completo. Com isso, a prática de atividades físicas são consideradas como um elemento característico no desenvolvimento cultural do povo helênico.

- Período Homérico (Séc. XII ao VIII a.C.)

Os poemas de Homero, Ilíada e Odisséia, são duas das maiores epopéias gregas e são responsáveis pelo desenvolvimento da educação na Grécia, que mesmo não possuindo uma organização institucionalizada, consistia-se em dois ideais presentes nos poemas. O primeiro era o da sabedoria, representado por Ulisses, e o segundo era o da ação, representado por Aquiles.
Os Jogos Fúnebres, que depois dariam origem aos Jogos Gregos, entre eles os Olímpicos, surgiu a partir da epopéia de Ilíada e da Guerra de Tróia, onde Aquiles manda celebrar aqueles jogos em homenagem a Pátroclo, morto por Heitor. Nestes Jogos fizeram parte os seguintes esportes: corrida de carros, pugilato, luta, corrida a pé, combate armado, arremesso de bola de ferro, arco e flecha e arremesso de lança. Os jogos homéricos têm sido referidos nas histórias da Educação Física, como um dos pontos altos da Grécia nos tempos heróicos.
Os atletas-heróis deste período, que ficou conhecido como Homérico e aconteceu do século XII ao VIII a.C., estavam submetidos há uma grande variedade de atividades esportivas, também aprendiam artes musicais e a retórica, sendo a educação marcadamente guerreira. Esses atletas eram originários da aristocracia guerreira e eram vistos como heróis e possuíam duas características presentes no povo grego: o mais alto ideal de cavalheiresco e o desejo de ser sempre o melhor.

- Período Histórico ou Arcaico (Séc. VIII ao VI a.C.)

Após o período Homérico, o período que se segue é conhecido como Histórico ou Arcaico e acontece entre os séculos VIII ao VI a.C., e que foi marcado pela formação das cidades-estados. Dentre estas, as que mais se destacaram foram as de Esparta, povoada pela tribo dos Dórios; e Atenas, povoada pela tribo dos Jônios.
Esparta era a cidade mais desenvolvida neste período, mas possuíam ideais totalitários que levavam os cidadãos ao devotamento ao Estado e a subordinação absoluta à vontade dos superiores. A educação espartana pode ser considerada uma continuação do que existiu na época homérica, pois ainda trazia características como a formação cavalheiresca, militar e aristocrática, com um sensível desprezo pelo aspecto cultural. As mulheres eram formadas robustas, enrijecidas moral e emocionalmente, prontas a cumprirem o seu papel de reproduzir espécimes perfeitos em nome do melhoramento da raça. O Estado alimentava uma política de eugenismo que outorgava a uma comissão de anciãos o direito de condenar os nascidos raquíticos e disformes.
Já a sociedade que vivia em Atenas era totalmente diferente, sendo a formação histórica da Educação Física nesta cidade, bastante significativa. O povo de Atenas era amante da cultura, das artes e das ciências, e não tinham o espírito guerreiro como os espartanos. Por essas características, a prática esportiva tinha o papel de formação do homem total.
Foi nesta época que surgiram os grandes Jogos Gregos, dos quais participava toda comunidade helênica. Estes jogos eram festas populares e religiosas, que envolviam, além de competições atléticas, provas literárias e artísticas. As cidades gregas eram independentes, e apenas três situações marcavam um espírito verdadeiramente nacional: a possibilidade de uma guerra com outros países, a religião e estas festas esportivas. Quando os Jogos Gregos eram realizados, tudo parava, inclusive os conflitos internos, em nome da honra maior da participação esportiva.
Em 776 a.C., foram criados os Jogos Olímpicos, em homenagem a Zeus. Os conjuntos desses grandes Jogos Gregos, juntamente com os Olímpicos, formavam o Pan-Helênicas, e eram comuns a todas as cidades gregas. Esses jogos tinham em média a presença de 45.000 espectadores, duravam sete dias e os atletas eram selecionados mediante concursos eliminatórios e submetidos a dez meses de treinamento rigoroso sob a direção dos paidotribai e gymnastai, e participavam das provas nus, independente de da idade ou posição social.
Os Espartas, nos primeiros séculos desses jogos, eram os grandes vencedores da maioria das provas. Este sucesso pode ser creditado ao estilo de educação adotado nesta cidade.
Mas o modelo que passou a ser adotado por todo o mundo grego, com a exceção óbvia de Esparta, foi o que os atenienses desenvolveram. Os locais da prática esportiva, comparáveis aos de hoje, serviam não apenas à Educação Física, eram utilizados também para a formação intelectual do povo, menos os escravos. Os ginásios, palestras e estádios possuíam grandes acomodações para o público, o que demonstra o interesse popular pelo esporte. Um corpo docente, organizado e hierarquizado, era responsável pela administração e desenvolvimento técnico das atividades e dos praticantes. Havia a figura do ginasiarca, que era uma espécie de reitor da Educação Física e, quase sempre, da educação intelectual. Ele era eleito pela comunidade e dirigia alguns ginásios e, dependendo do lugar, era responsável por todos os ginásios de uma cidade. O pedótriba é o que chamamos hoje de professor de Educação Física, era responsável pela formação do caráter dos jovens efebos e tinha o prestígio de um médico.

- Período Clássico ou Humanista (Séc. VI ao IV a.C.)

Após o período Arcaico veio o período Clássico ou Humanista, que durou entre os séculos VI ao IV a.C., que marcou o aparecimento dos primeiros grandes filósofos do mundo ocidental, e junto com a filosofia, também nasce a Pedagogia. Essa época também marca o começo da desvalorização da Educação Física, que passa a não ostentar mais o mesmo prestígio que tinha nos períodos anteriores, mas que ainda possuía um papel relevante no plano educacional grego.
O século IV a.C. marca o início da decadência da sociedade grega, devido às cisões e lutas internas que enfraqueceram o país, que foi inicialmente tomada pelos macedônios e, posteriormente, pelos romanos.Este período, que dura até o século I a.C., ficou conhecido como Helenístico, e marcou a universalização da educação grega, que passou a valorizar cada vez mais o intelectual, deixando de lado o interesse pelo físico e pelo estético.
Este declínio refletiu em todos os setores da cultura grega. A prática das atividades físicas perde os ideais humanistas, que existiam na época dos Jogos Gregos, e que talvez tenham sido o mais belo exemplo desenvolvido durante a história da Educação Física. A partir desse período, os atletas passam a se especializar e a se profissionalizar prematuramente, contrariando os objetivos iniciais desenvolvidos pelas atividades físicas, que era a comunhão entre o corpo e o espírito, desenvolvendo a educação, a estética e a saúde, características essas que acabaram sendo perseguidas durante séculos.

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Ouvindo: Foo Fighters - Skin and Bones (2006)

6.06.2007

Dia do Sonho - 03/06/07

No último dia três de junho aconteceu a festa do Dia do Sonho, da ONG Sonhar Acordado. O evento foi realizado na casa de festas Praticar, na Barra da Tijuca e reuniu pouco mais de mil crianças de vários lugares do Rio de Janeiro como: Mangueira, Rocinha, Vicente de Carvalho, Niterói, Santa Teresa, Ladeira dos Tabajaras e os morros do Borel, Formiga e dos Macacos, entre outros.
A festa começou por volta das nove horas da manhã, quando os primeiros ônibus que levavam as crianças começaram a chegar. Conforme desciam dos ônibus, elas eram recebidas com muita alegria e empolgação dos voluntários com quem iriam curtir a festa. Também na entrada, eram entregues sucos, sanduíches e bombons para as crianças ficarem bem alimentadas para as diversões que as aguardavam neste dia de sonho. O tempo não estava bom e em alguns momentos chegou a chover, mas nada que pudesse acabar com a felicidade de todos os presentes.
Para fazer a alegria das crianças, havia muitos brinquedos como pula-pula, escorregas, escalada e videogames. Também houve várias atrações como teatro de fantoches, mágico e animadores de festas, que fizeram a criançada brincar, pular e dançar. Para a alimentação eram distribuídos refrigerantes, frutas, cachorros-quentes e pizzas.
O Dia do Sonho é, junto com a Festa de Natal, a maior atividade realizada pela Sonhar Acordado. Essas duas confraternizações reúnem todas as instituições que são assistidas pela ONG e todos os voluntários, os que já fazem parte dos outros projetos e os que estão participando pela primeira vez. Essas duas festas são o primeiro contato que esses novos voluntários tem com as crianças e são as melhores formas que eles têm para começarem a fazer parte dessa turma. Vamos conhecer agora um pouco da história da Sonhar Acordado.
A ONG Sonhar Acordado surgiu em maio de 1998, no México, com o nome “Soñar Despierto”. A iniciativa chegou ao Brasil através do movimento Regnum Christi, no ano 2000. A primeira atividade foi uma festa de Natal no parque Terra Encantada, no Rio de Janeiro, reunindo 650 crianças de baixa renda. A Sonhar Acordado tem como objetivo: formar, educar e ajudar a infância carente por meio de atividades sociais, culturais, desportivas e recreativas, desenvolvendo os mais importantes e indispensáveis valores para a boa formação de qualquer cidadão.
O projeto atua em várias cidades do Brasil como: Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas Curitiba, Belo Horizonte e Brasília. A Coordenação Nacional fica em SP e, aqui no RJ, a sede fica na Gávea. No Rio ela atende instituiões e comunidades da Tijuca, Botafogo, Rocinha, Gávea, Vicente de Carvalho, Niterói, São Cristóvão, Lapa, Santa Teresa, Central, Vidigal, Santa Marta e Mangueira.
O trabalho voluntário é dividido em duas partes, que são os trabalhos esporádicos e o contínuo. As etapas esporádicas são: o Dia do Sonho, a Festa de Natal e a Super Ação. Já o trabalho contínuo possui as seguintes etapas: Amigos para Sempre, Preparando para o Futuro e Sonhando Juntos.
A Festa de Natal foi à primeira atividade realizada pela Sonhar Acordado no Rio de Janeiro e é realizada no mês de dezembro, alguns fins de semana antes do dia 25. Ela começa a ser preparada alguns meses antes, quando as equipes de voluntários dos projetos contínuos apresentam uma lista de presentes para as crianças. Nela, eles pedem para que elas escrevam uma cartinha selecionando três opções de presentes que gostariam de ganhar e para contarem sobre os sonhos que possuem. A partir dessas cartas, os voluntários compram os presentes para serem entregues no dia da festa. Este grande dia é realizado com todos os elementos típicos do natal e são apresentados shows e peças teatrais; há participação de atletas e artistas; e são realizadas oficinas educativas.
O Super Ação tem como objetivo aliar a divulgação dos valores à necessidade de melhorar o ambiente onde as crianças vivem, como as comunidades, instituições e colégios. Para isso, são realizadas ações pontuais, com a ajuda de voluntários e profissionais especializados nas seguintes áreas: educacional, institucional, recreativas e ligados à área de saúde.
Na etapa Amigos para Sempre, os voluntários realizam encontros mensais com um grupo de crianças com idades entre cinco e doze anos. O objetivo é transmitir a importância de valores humanos, como: solidariedade, honestidade, superação de limites, respeito, conscientização ambiental, humildade, entre outros. Cada grupo trabalha com uma única instituição para que o grupo de crianças seja sempre o mesmo, criando assim, uma verdadeira relação de amizade e respeito entre crianças e voluntários, quebrando a timidez que sempre acontece em um primeiro encontro. As atividades realizadas são ligadas à cultura, recreação e esportes, e acontecem em um fim de semana de cada mês. O mais emocionante nesses encontros é ver a alegria e a animação de todos quando estão juntos. Nesta etapa, os voluntários contam com uma ajuda financeira da ONG, mas também possuem algumas despesas com o transporte, lanches e com objetos necessários para a demonstrar a importância dos valores que serão passados em cada encontro.
O Sonhando Juntos foi criado com a intenção de levar alegria e esperança as crianças de baixa renda que estão internadas com doenças crônicas ou em fase terminal. Nesta etapa são realizadas atividades educativas e recreativas em hospitais públicos. O objetivo é proporcionar muita alegria e esperança para essas crianças e para os familiares.
O Preparando para o Futuro é a etapa mais recente do Sonhar Acordado. Ela atende jovens de 14 a 18 anos e tem como objetivo auxiliar na formação profissional e educacional dos adolescentes, de acordo com o Programa de Aprendizado Mirim e seguindo os princípios de direitos e valores humanos.
Atualmente a Sonhar Acordado possui mais de 30 filiais espalhadas por mais de nove países como: México, Brasil, Colômbia, Irlanda, Espanha, Hungria, Venezuela, Itália, Polônia, entre outros.


www.sonharacordado.com.br

Fotos: Flavio Bahiana

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Ouvindo:
Mundo Livre S/A – Samba Esquema Noise (1994)
Acabou la Tequila – O Som da Moda (1999)

5.25.2007

ASAP: 15 ANOS DE PROTEÇÃO ECOLÓGICA

Para conhecermos melhor a história da Associação dos Surfistas e Amigos da Prainha (ASAP), é preciso saber como foram os primeiros contato do homem com este pequeno paraíso, que possui a parte mais significativa dos hoje 8% da área original da Mata Atlântica, que é uma floresta tropical com fauna e flora riquíssimos e na época do descobrimento do Brasil ocupava grande parte do território nacional.
No Final da década de 50, em um dia de mar flat, sem condições para o surf, um grupo de surfistas resolveu partir da praia da Macumba para conhecer o outro lado das pedras. Tudo isso, claro, remando em cima das pranchas, que naquela época eram feitas de compensado naval, as famosas madeirites, de 10 pés e que pesavam cerca de 12 quilos, o que tornou a remada bastante exaustiva, mas que com certeza foi bastante recompensadora. A praia é considerada como o melhor pico (onde se surfa) para a prática do surf no Rio de Janeiro. Os Primeiros Desbravadores criaram uma estória para preservar o novo “secret spot” carioca da época, termo utilizado pelos surfistas para caracterizar um pico que poucos conhecem. Eles contavam que nas areias da praia estava os restos mortais de um antigo leprosário, o que os levou a batizar a praia como Praia dos Leprosos.
A estória não conteve o aumento de freqüentadores. O sucesso era tão grande que, na década de 60, para facilitar o acesso ao local, foi inaugurada a estrada que ligava o Recreio dos Bandeirantes a Prainha, com o nome de Avenida Estado da Guanabara. Com isso, o número de visitantes só aumentou nas décadas seguintes. Como é característica de todo sucesso, começaram a aparecer muitos problemas. Grande parte das pessoas que visitavam a praia não se importavam muito com a proteção do local e geralmente largavam os lixos na praia ou nas matas. Também nessa época, a Prainha começou a virar alvo de especulações imobiliárias. Com isso, toda essa riqueza natural passou a conviver sob constante ameaça, tanto por parte da poluição humana, quanto por ambiciosos projetos que previam a construção de prédios e estacionamentos.
É a partir deste momento que surge a ASAP. A associação foi fundada no dia 12 de agosto de 1992 por um grupo de surfistas freqüentadores do local e que estavam indignados com essas especulações sobre o futuro da Prainha e o principal objetivo era impedir que houvesse construções imobiliárias na região.
Foi com o apoio do então deputado estadual Alfredo Sirkis, do Partido Verde (PV), que o projeto começou a se concretizar. Foi o deputado que aconselhou os surfistas a criarem uma associação para conter os avanços urbanos e fazer a proteção ecológica da região. Através de uma lei criada por Sirkis, na Câmera dos Deputados, à área da Prainha se tornou uma área de preservação ambiental, o que impedia qualquer tipo de construção imobiliária na região.
Em 1995, através de um termo de compromisso assinado entre a ASAP, a Sub Prefeitura da Barra da Tijuca e a rede de lojas de surf wear Redley, a preservação da área está garantida. Este acordo tem como objetivo à implantação de uma infra-estrutura para apoio a prática do surf, parceria nas ações de fiscalização e controle ambiental, além de serviços de recuperação ambiental de áreas degradadas. Há alguns anos foi inaugurado o Parque Municipal Ecológico da Prainha, um antigo sonho dos membros da ASAP. O parque é um dos mais belos da cidade, com direito a banheiros, trilhas, mirante, chuveiros de água doce direto da fonte natural da Floresta e um centro cultural. A atual infra-estrutura da Prainha conta, além do Parque Ecológico, com dois quiosques, um pequeno restaurante na orla da praia e um estacionamento onde há racks de madeira para os surfistas colocarem as pranchas.
Mas nem tudo são flores na Prainha. Há alguns anos surgiram casos de assalto à mão armada, que são realizados geralmente no início do dia, quando os surfistas estão chegando na praia. A ASAP também tem dificuldades para controlar a ação de caçadores que entram na floresta por trilhas diversas e para acabar com o lixo que é jogado no brejo situado atrás do estacionamento.

- Animais que existentes na região e que estão ameaçados de extinção:

  • BOTO CINZA
O Boto Cinza (Sotalia Fluviatilis) é um pequeno cetáceo da família Delphinidade. Ele é encontrado na costa Atlântica da América do Sul e vive em águas costeiras. São de comportamento tímido e geralmente evitam a aproximação de barcos. A espécie é vítima freqüente das redes de pesca, onde freqüentemente se emalham acidentalmente. A poluição por esgotos e a destruição do habitat através de aterros e cortes de manguezais estão provocando a diminuição das populações de Boto no litoral brasileiro. Inclusive na Prainha...
  • TARTARUGA VERDE
A Tartaruga Verde pode ser encontrada em toda a costa brasileira. Ela está na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção, que foi publicada em 1989. A poluição marinha através do óleo, rejeitos químicos e a ingestão de plásticos estão provocando riscos à população de Tartarugas Marinhas na costa brasileira.


  • GAIVOTÃO

O Gaivotão (Larus Dominicanus) ocorre desde o extremo sul do continente americano, na Terra do Fogo, alcançando onorte do Brasil e as costas do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Ele é encontrado em ilhas próximas ao continente, como por exemplo, Cagarratas e Tijucas no Rio de Janeiro. É comum encontrá-los também na Baía de Guanabara. Alimentam-se de peixes e lulas, geralmente descartados por embarcações. Costumam roubar ovos de outras aves-marinhas, como Atobás e Fragatas, deixando-os cair ao chão para quebrá-los.

Ouvindo:

Attaque 77 - Karmagedon (2007)
Tim Armstrong - A Poet`s Life (2007)

4.16.2007

Evento de Anime e Mangá - 15/04

No dia 15 de abril, foi realizado no Grajaú Tênis Clube, o evento Anime & Ação Extended, que foi marcado pela interatividade com o público e feito para os fãs animes e jogos japoneses. Atividades como qual é o anime clipe?, gincanas, animekê o torneio de videogames foram umas das mais animadas.
O evento estava marcado para às dez horas da manhã, mas antes da abertura dos portões o público já fazia fila na porta do clube. Logo cedo os videogames foram tomados por alguns fãs. Jogos como o Guitar Hero II, Donkey Konga, o Pump It Up e o Stepmania foram os mais disputados.
Enquanto alguns disputavam uma vaga nos videogames, outros foram para os estandes de venda tentar achar um jogo, um dvd de episódios de anime ou um mangá que falta na coleção. Para quem ainda não está por dentro desta cultura japonesa, como eu até algumas semanas atrás, mangá é o nome como são conhecidas as histórias em quadrinhos japonesas e os animes são os desenhos animados vindos do Japão.
Os estandes de maior destaque foram os dos pôsteres feitos pelo pintor Marlon, que vendia desenhos dos personagens; e o dos fanzines, que são os mangás feitos pelos próprios fãs das estórias japonesas. Nesse, apenas duas estórias estavam sendo vendidas, o Diário de César e Monogatori. Esses foram os mais interessantes porque mostram a vontade dos fãs em desenvolver o talento de produzir pinturas e estórias como as feitas pelas pessoas que admiram. Pena que foram poucos.
O Workshop de desenhos realizado pela Be Happy Studios também atraiu a atenção de grande parte do público. Nessa área, professores auxiliavam as pessoas que queriam aprender a desenhar os traços dos seus personagens preferidos do mangá.
Na parte musical, os DJ`s da rádio Anime Forces e da rádio Animix em Ação, rádios na Internet, tocaram muita J-Music, termo como são conhecidas as músicas com características japonesas, que animou o evento junto com os temas dos animes e dos videogames. O animekê também foi responsável pela animação musical, onde muitos cantaram em bom japonês as músicas.
À tarde, além da continuação de todas essas atrações, a organização selecionou três equipes para a realização de uma gincana. Algumas provas testavam os conhecimentos dos participantes com relação aos animes e mangás, enquanto outras eram brincadeiras como corrida de saco, estourar bexigas e ver quem comia mais maçãs em um minuto.
Enquanto rolava todas essas atrações, houve a exibição de clipes de J-Rock e J-Pop, episódios de J-Drama, além de vários episódios de animes como: Death Note, Nodame Cantabile, Claymore e outros.
Para encerrar o evento, por volta das quatro horas da tarde houve desfile de cosplay, onde as pessoas se vestem como o personagem que gostam, fazendo assim uma homenagem a estes. E depois houve shows com as bandas ANN-Elise e Akai Tsuki, que tocaram músicas temas dos animes até às seis e meia da noite também rolou sorteio de brindes para os otakus (fãs) de animes, mangás e jogos japoneses.

Ouvindo: Trojan Dub Rarities e Trojan Ska Rarities, dois Box Set`s da Trojan Records, gravadora inglesa especialisada em música jamaicana. Baixei no blog: youandmeonajamboree.
Fotos: Flavio Bahiana

3.30.2007

Scoop - O Grande Furo


Scoop – O grande furo (Scoop, 2006), é a mais recente produção de Woody Allen. Um filme de enredo simples, despretensioso, bastante divertido e engraçado.
A história começa a partir da morte de um dos principais jornalistas investigativos da Inglaterra, o repórter Joe Strombel, interpretado por Ian McShane, de Deadwood. Após a morte, o espírito de Joe esta em um barco da morte, onde encontra a secretária de um milionário inglês. Ela lhe passa um furo de reportagem ao contar quem é o assassino da carta de tarô, conhecido por matar prostitutas morenas e de cabelos curtos. O repórter fica empolgado com a grande matéria que tem em mãos e sai a procura de um jornalista para poder repassar o furo.
É ai que entra em cena a personagem de Scarlett Johansson. Ela faz o papel de Sondra Pransky, uma americana estudante de jornalismo que está de férias em Londres. Sondra é uma repórter principiante, ainda com pouca habilidade e bastante desajeitada.
Strombel e Sondra se encontram em um show do mágico Sid Waterman, mais conhecido como The Great Splendini, interpretado por Woody Allen. Sondra é convidada a participar de um truque conhecido como “a caixa desmaterializadora”, onde Splendini faz as pessoas desaparecerem. Dentro dessa caixa ela conhece Strombel, que lhe passa toda a história sobre o assassino da carta de tarô e diz quem é o principal suspeito, o milionário Peter Lyman, interpretado por Hugh Jackman.
A partir daí Sondra, com a ajuda de Splendini, passa investigar a vida de Lyman. Para conhecê-lo melhor, ela se faz passar por Jade Spence e os dois começam a ter um caso.
Sondra se apaixona por Lyman, e passa a achar impossível que ele seja um serial killer. Após a morte de mais uma prostituta, a polícia anuncia a prisão do assassino. Splendini, que no início não queria se envolver com o caso, continua acreditando que Lyman é o culpado e resolve continuar com as investigações.
Scoop é uma bela comédia romântica junto com a história de misteriosas mortes em série. Woody Allen é o responsável pelas cenas mais divertidas do filme. Scarlett Johansson e Ian McShane também estão muito bem em seus papéis.
Lá fora, o filme teve muitas críticas negativas. Entre elas, uma do The Washington Post, que pegou pesado ao classificá-lo como “o pior filme que Woody Allen já fez”; e outra do The New York Times, dizendo que “não é especialmente divertido”. Mas também teve algumas positivas, como a do San Francisco Chronicle, que disse que Scoop é “a comédia mais engraçada do ano” e “o melhor filme de Allen na década”.
Já no Brasil, a crítica recebeu bem o filme. No jornal O Globo, o bonequinho aplaude sentado. Para este escriba que vos escreve (redundante?), o filme é muito divertido e engraçado, só o final que ficou devendo um pouco...



Ouvindo Ska de los hermanos Argentinos:
Dancing Mood - Dancing Groove (2004)
Satelite Kingston - ...Una Isla (2003)

Os dois discos lançados no Brasil pelo selo Radiola Records. O principal do país em se tratando de Ska.

3.24.2007

Roger Waters - Praça da Apoteose 23/03/07


Nunca imaginei que iria a um show de rock progressivo. Não curtia Pink Floyd e não conhecia muita coisa além da clássica Another Brick In The Wall e outras que tocam no rádio. Cresci ouvindo punk rock e, por isso, não gostava daquele estilo de músicas longas, temas complexos, poucas letras e muitos acordes.
Mas nada como o passar dos anos para fazer você repensar seus conceitos. Em novembro, ao realizar um dos meus passeios favoritos, perder horas em lojas de discos, encontrei o Dark Side Of The Moon em promoção e pensei “se todos dizem que é um dos melhores álbuns de todos os tempos, por que não ouvir e ver se ele realmente é bom?”. Comprei e considero um dos melhores que já ouvi.
Tudo isso para dizer que, se não fosse por esse disco, não teria presenciado um dos melhores shows que já assisti. Um dos melhores em termos musicais e, com certeza, o melhor em termos visuais, por causa da iluminação, o telão de alta resolução, que projetou vídeos e imagens inseridos no contexto das composições, e as labaredas nas laterais e no centro do palco. O sistema de som era quadrifônico, que consiste na disposição de quatro ou mais alto-falantes ao redor do público. O posicionamento do som é dado exclusivamente pelas relações de intensidade de volume entre as caixas de som. Este sistema é um dos mais avançados da atualidade, e reproduziu com fidelidade os diálogos, efeitos e intervenções das músicas.
Antes de começar o show, havia uma imagem no telão de um rádio antigo numa mesa, com uma garrafa de Whisky, comprimidos e um cinzeiro. As músicas iam tocando e, de acordo com o gosto musical do ouvinte virtual, aparecia uma mão que trocava a estação. O repertório foi baseado em rocks dos anos 50 e 60 e foi nesse ritmo que entrei na Praça da Apoteose, ouvindo uma das melhores músicas de Bob Dylan, Mr. Tambourine Man.
O Show, que teve um público de 25 mil pessoas, começou pontualmente às 21:30, com duas músicas do disco The Wall. A primeira foi In The Flash, seguida de Mother, que teve como destaque a participação de uma das vocalistas de apoio. Shine On You Crazy Diamond e Wish You Were Here também empolgaram o público. Essas músicas foram compostas em homenagem a Syd Barrett, guitarrista e vocalista do Pink Floyd no primeiro disco do grupo, o The Piper of the Gates of Dawn.
Quase no final da primeira parte do show, quando era executada Perfect Sense (partes 1 e 2), aconteceu o inesperado. O telão exibia uma imagem de uma plataforma de petróleo e um submarino dentro de uma piscina dentro de um estádio. Quando este disparou um torpedo, aconteceu um problema no palco e toda a parte elétrica parou de funcionar. Depois de uns 10 minutos, Roger Waters e a banda voltaram para tocar Leaving Beirut e Sheep. A primeira foi anunciada como música inédita, mas faz parte do cd single da música To Kill the Child, lançado apenas no Japão. Tem letra de forte crítica a atual política de guerras dos EUA. Em Sheep, um balão inflável no formato de um porco foi colocado no ar e trazia as seguintes frases: “Bush, não estamos a venda”; “Ordem e Progresso?”; “Medo Constrói Muralhas” e “Hey killers, leave our kids alone”, em referência a morte do menino João Hélio de 6 anos. E assim se encerrou a primeira parte do show...
Após 15 minutos de intervalo e muita expectativa, começa a segunda e mais aguardada parte, a execução de Dark Side of the Moon. Muitas das músicas desse disco são cantadas por David Gilmour (vocalista e guitarrista do Pink Floyd), e, com isso, coube ao guitarrista Dave Kilminster, a difícil tarefa de substituir os vocais de Gilmour. Logo nos primeiros acordes de Speak to Me/ Breathe se percebe a empolgação do público, que cantou todas as músicas, do início ao fim do show. Logo em seguida veio a instrumental On the Run e a arrasadora Time, que foi, junto com Money, Us and Them e Brain Damage, o principal destaque dessa parte do show.
No bis, Roger Waters chamou as crianças do coral infantil da UFRJ para a participação em Another Brick in the Wall, part. 2. No fim desta, Waters fez questão de se despedir de cada criança do coral. Bring the Boys Back Home e Comfortably Numb vieram logo em seguida e encerraram de forma apoteótica o rock-espetáculo de Roger Waters, que teve pouco mais de 2h30m de show.

I'll see you on the dark side of the moon...

Ouvindo as músicas do set list do show. Segue a relação a baixo:

1ª Parte

1- In The Flash

2 - Mother

3 - Set the controls for the heart of the sun

4 - Shine on you crazy diamond (partes 2 a 5)

5 - Have a Cigar

6 - Wish you were here

7 - Southampton dock

8 - The Fletcher Memorial Home

9 - Perfect Sense (partes 1 e 2)

10 - Leaving Beirut

11 - Sheep

2ª parte

12 - Speak to me / Breathe

13 - On the run

14 - Time

15 - Breathe (reprise)

16 - The great gig in the sky

17 - Money

18 - Us and Them

19 - Any colour you like

20 - Brain Damage

21 - Eclipse

Bis

22 - The Happiest days of our lives

23 - Another brick in the wall (parte 2)

24 - Vera

25 - Bring the boys back home

26 - Comfortably numb

3.09.2007

Entrevista: Shileper High

Essa é a entrevista que fiz, para o site Vale Punk, com o Conrado, baterista do grupo Shileper High.


O Shileper High é um grupo de São Bernardo do Campo, São Paulo, formado em 2001 pelos irmãos Guilherme (guitarra e vocal) e Conrado (baterista), e que possui fortes influências das bandas punks californianas da década de 90. Nos dois discos, o Downhill Slide, de 2005, lançado pela Highligh Sounds, e o Shilas on the Rocks, de 2006, lançado pela Greenfox Records, de porpriedade do baterista, fica claro a influência do Green Day no som do grupo. Entre o lançamento desses cd`s houve troca de integrantes e o baixista André Pestana passou a fazer parte do Shileper. Confira a seguir a entrevista feita com o baterista Conrado.
1 – Como vocês começaram com o Shileper High?
A história é meio longa... A banda existe, não com esse nome, desde antes de eu entrar nela, acho que começou em 1998, algo assim... Eu entrei em 2000, meu irmão já tocava nela, e eu assumi todos os corres da banda. Mudamos o nome, a formação e fizemos músicas próprias, pois na época só tocávamos covers... Gravamos umas demos e em 2005 lançamos o primeiro cd. Em 2006, lançamos o Shilas on The Rocks, nosso segundo disco.

2 – O Primeiro cd de vocês, o Downhill Slide, saiu pela Highlight Sounds. Como aconteceu esse contato?
Demos bem logo de cara, e aí foi só questão de tempo. Em abril de 2005 o cd saiu!!!

3 – O segundo, o Shilas on the Rocks, foi lançado pelo próprio selo de vocês, o Greenfox records em parceria com a F Records, por que essa mudança?
A Highlight tava passando por um período fenomenal de aumento das atividades. O César tava viajando sempre em turnês e produzindo shows gringos no Brasil e claro que isso teve um preço, que foi colocar as atividades de produtora frente às de gravadora. Pra nós, as coisas estavam meio paradas, então decidimos que, com a ajuda do Francesco, da F Records, iríamos lançar o cd e trabalhar em cima. Mas o César e o pessoal da Highlight continuam muito amigos nossos.

4 – Como foi o processo de gravação e como está sendo a divulgação do Shilas on the Rocks?
Nós gravamos no estúdio C4, em São Paulo, canal por canal. O resultado final ficou bom, mas recentemente nós conversamos e decidimos que os próximos cds serão gravados da forma mais caseira e barata possível, não por nada, mas esse é nosso estilo, o Shileper não nasceu para ser uma banda moldadinha, bonitinha, com linhas de guitarras fenomenais e coros afinadíssimos, acabamos travando uma guerra com o estúdio. Então, a partir de agora, as coisas serão 1000x mais simples. Mas no geral, eu adoro esse novo cd, é onde estão nossas melhores músicas. A divulgação está sendo feita de uma maneira bem simples também: cds para resenhas e entrevistas onde achamos importante, onde não precisamos dar respostas feitas e nem temos que pagar para aparecer. Tem site aí que se diz independente e não abre as portas para as bandas novas, a mesma coisa acontece com algumas revistas. Com a televisão e com o rádio então nem se fala né?

5 - E como tem sido a receptividade do público ao disco?
O pessoal que ouve curte. Tem um monte de gente que nós tentamos mostrar, mas que nem quer ouvir e muitas outras que aparecem comentando que acharam fodaço. Eu acho que o tempo vai achando o nosso público, não é muita gente, mas é um pessoal bem legal. Adoro conversar com a galera pela comunidade do orkut. Sei lá, fazer banda de Punk Rock em Inglês virar, numa cena que está dominada de emo, superproduções, gel e franjas... Vai ser difícil conseguir qualquer coisa, mas sei lá, se a banda acabasse hoje, eu já ia sentir-me com dever cumprido, já que a galera que conhece curte bastante mesmo e tem curtido durante todo esse tempo. O CD novo tem aberto muitas portas também, principalmente pra galera do Skate.

6 - vocês já participaram de algum vídeo de skate ou surf? Ou tocaram em algum campeonato desses esportes?

Tocamos uma vez na pista da Plasma em São Paulo e em um campeonato em Jundiaí. Saímos em 2 vídeos de surf da Oakley. Sinceramente, é o público para o qual eu mais gosto de tocar.

7 – Por quê?

O pessoal é bastante interessado em conhecer as bandas e o som. Não só para punk/hc, mas pra outros estilos também, são bem cabeça aberta pra coisas novas e a galera se identifica bem com o som da banda.

8 – Vocês pretendem lançar outras bandas pelo Greenfox Records?
Eu já lancei por este selo os grupos: Foko, Fábrica Civil, Bad Shelter, Firstations, Shileper High e, em breve, sai o cd do Pacific. Vou ficar fechado nessas bandas por enquanto, depois tenho vontade de trabalhar com umas bandas gringas.

9 - Já tem alguma banda gringa em mente?

Eu estou em contato com o Antiskeptic da Austrália, que eu adoro, e com algumas outras bandas de lá. O meu sonho é lançar e trabalhar com o Bodyjar aqui no Brasil, que é uma banda que eu piro muito, quem sabe eu consiga um dia rsrs... Têm outras que eu converso, mas nada garantido, que eu possa divulgar. Isso vai levar um tempo pra se tornar realidade.

10 – Na época que vocês lançaram o Shilas on the rocks, vocês disponibilizaram todas as músicas em streaming na internet. Qual a opinião de vocês sobre música na internet?
Ajuda a divulgar bastante, mas comercialmente não é bom. Por isso, disponibilizamos em streaming. O foda é que duas semanas depois já tinha o disco inteiro pra download. Eu não entendo como funcionam essas coisas, mas eu acho muito difícil de bloquear, então, de uma forma ou de outra, vamos ter que conviver com isso. Mas é certo que, quem realmente gosta de música, sabe que nenhum ipod ou mp3 player substitui você colocar um cd, que você comprou da mão da banda, no seu som e ouvir.

11 – Todas as músicas de vocês são em inglês. Vocês fazem algum tipo de divulgação em sites de outros países?

Os gringos são meio cabeça duras. Eles não entendem que banda brasileira independente não tem condição de fazer uma gravação milionária e uma superprodução como eles fazem, e logo acham as bandas daqui meio ruins. Salvam-se raras exceções de selos e sites que tenham essa disposição de conhecer coisas fora do eixo Eua-Europa, então é tudo meio limitado. Tenho um bom contato em Portugal que tem ajudado bastante agente lá e na Argentina eu to negociando a edição do Shilas on the Rocks por lá. Também estou usando o fato do selo trabalhar com bandas de fora, pra abrir portas pro Shileper em alguns lugares, como troca de favores. Vamos ver se alguma coisa funciona pra nós nesses lugares.

12 - Já rolou alguma proposta de show lá fora?

Rolou conversa, mas depois que o cd fosse lançado. Na Argentina isso.

13 – Vocês pensam em gravar algumas músicas ou um cd em português?

Estamos pensando em montar uma outra banda, com os mesmos integrantes, mas com musicas em português. Mas por enquanto só pensando...

14 - Por quê não fazer com o Shileper High?
Pra não mudar a identidade da banda saca? Shileper High pra nós vai ser sempre em inglês, agente não quer mudar isso por nada.

15 – Quais são as principais influências do som do Shileper High e quais outros grupos que vocês ouvem?

Bandas da cena californiana de 1995 em diante. Eu, particularmente, piro em Green Day, Blink, Rancid, Operation Ivy, Pinhead Gunpowder, Samiam, Offspring. Tem bandas como Bodyjar e Face To Face que eu estou ouvindo muito agora. Acho que todo mundo na banda gosta bastante disso.

16 – Como foi tocar no Vans Zona Punk Tour 2006 e ter a possibilidade de tocar em lugares que vocês não tinham ido?
Foi do caralho! Agente se fudeu muito, eu to pagando divida até agora... Mas valeu a pena. Os shows, os lugares e as pessoas foram impagáveis. Rolou muita coisa boa e muita coisa ruim, mas no geral valeu muito. Foi o mês mais louco da minha vida saca? Valeu também por passar horas e horas com os US Bombs, os caras são fodas e foram muito amigos nossos, inclusive, o Kerry me chamou pra ir para os EUA, passar um tempo lá e tocar numa banda com ele, mas infelizmente não posso =(.

17 - Há pouco tempo vocês gravaram um videoclipe. De qual música será esse clipe e como foram as gravações?

Será da Good Night Cindy. Agente gravou em casa e não gastamos 1 real, mas tivemos o cuidado de fazer um cenário bonito e a porra toda. Ainda falta editar e tal, mas acho que vai ficar bem legal.

18 - Quando pretendem lançar e onde pretendem divulgá-lo?

Em umas 2 ou 3 semanas. Pretendemos divulgar no You Tube, canais locais, sites e myspace, esses lugares mais abertos.

19 – Qual foi o melhor show do Shileper High?
Teve um em Registro, no interior de SP, que foi do caralho. Em BH foi muito bom também. Teve um show num festival antigo, o PRIMATA HC, que foi bem animal também e teve um outro festival que agente organizou aqui em São Bernardo do Campo que foi do capeta também!!! Minhas quatro melhores lembranças.

20 – Quais são os planos para 2007?
Vamos lançar umas músicas inéditas na net. Estamos montando um estúdio para trabalhar com a banda, além de alugar é claro, e dar um trampo no show e nas musicas e fazer bastante show, agente curte dar uns role pirado por aí.

21 - Valeu pela entrevista Conrado. Deixa ai um recado para os leitores do vale punk e as pessoas que curtem o som do shileper high...

Valeu pelo espaço. Vocês são foda e eu admiro muito a persistência em ter um site e trabalhar com bandas novas e independentes. Valeu a galera que entra aqui e lê pela atenção, ao invés de ficar que nem bobo vendo mtv, mas sim vir aqui buscar informações. E se você, por ventura, goste do Shileper High, obrigado mais uma vez!!!

Links Relacionados:

Ouvindo: Mr.T Experience - Revenge Is So Sweet, and So Are You (1997)

1.12.2007

Essa é a lista que fiz, para o site Vale Punk, dos melhores de 2006 no punk rock. Quem quiser pode conferir também no seguinte link: www.valepunk.com

- Banda Nacional
Matanza

- Banda Internacional
The Slackers

- CD Nacional
1 - Matanza - A Arte do Insulto
2 - Dead Fish - Um Homem Só
3 - Carbona - Apuros em Cingapura

- CD Internacional
1 - The Slackers - Peculiar
2 - Anti-Flag - For Blood and Empire
3 - Buzzcocks - Flat Pack Philosophy

- Banda Revelação Nacional
La Bamba

- Banda Revelação Internacional
The Brewers

- Música Nacional do Ano
1 - Sugar High - The Invisibles
2 - O Chamado do Bar - Matanza
3 - Dead Fish - Exílio

- Música Internacional do Ano
1 - 86 The Mayo – The Slackers
2 - The Adventure - Angels And Airwaves
3 - Wish I Never Loved You - Buzzcocks

- Clipe Nacional do Ano
1 - Ratos de Porão - Covardia de Plantão
2 - Matanza - Clube dos Canalhas
3 - Carbona – Lunático

- Clipe Internacional do Ano
1 - NOFX - Seeing Double At The Triple Rock
2 - The Slackers - Propaganda
3 - Anti-Flag - War Sucks, Lets Party!

- Show Nacional do Ano
1 - Dead Fish e Mukeka di Rato (Circo Voador)
2 - Ultraje a Rigor (Circo Voador)
3 - Ratos de Porão e Matanza (Circo Voador)

- Show Internacional do Ano
1 - NOFX (Claro Hall)
2 - The Slackers (Teatro Odisséia)
3 - The Queers (Circo Voador)

- Selo Nacional
1 - Enemy One Records
2 - Highlight Sounds
3 -Urubuz Records

- Selo Internacional
1 - Fat Wreck Chords
2 - Asian Man Records
3 - Burning Heart